Pedido de voto em Boulos: Lula precificou fala e mostrou preocupação com eleição em SP; veja análise
Concorrentes prometeram acionar Justiça; declaração do presidente antecipa disputa eleitoral acirrada na capital paulista
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedindo voto no deputado Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo na eleição municipal de 2024 foi precificada e mostrou preocupação do PT e da esquerda com a disputa acirrada na capital paulista. Quem faz essa análise é a jornalista Nathalia Fruet, em participação no Brasil Agora desta quinta-feira (2).
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"Presidente sabia o que estava fazendo. E [a fala] foi precificada, inclusive a reação que está acontecendo. Ele já foi para SP pensando nisso, que estamos em disputa eleitoral. Precificou toda a reação e a multa que pode levar. Bolsonaro já fez isso lá atrás, em lives em 2020", diz Fruet, citando o ex-presidente e principal rival político de Lula.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Kim Kataguiri (União) e à pré-candidata Marina Helena (Novo) disseram que vão acionar a Justiça alegando que Lula e Boulos infringiram a lei eleitoral no ato do Dia do Trabalhador (1º de maio). Depois, o Executivo removeu a fala de Lula dos canais oficiais do governo na internet.
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"Mesmo que a disputa não tenha começado, as cartas estão dadas. Claro que Lula vai priorizar SP e colar em Boulos. Vai ser essa disputa: a estrutura de SP a favor de Nunes e a da União a favor de Boulos. Lula sabe da influência que tem em SP", continua Fruet.
O presidente e Fernando Haddad, que concorreu ao governo de SP e hoje é ministro da Fazenda, tiveram mais votos do que Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), respectivamente, na capital paulista nas eleições de 2022.
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O resultado do pleito de 2024 pode, por sinal, impactar a eleição geral de 2026, em que deve haver nova polarização com o lado do ex-presidente Bolsonaro. Por isso, Fruet vê mais impactos da fala de Lula na disputa eleitoral municipal do que na já ruidosa relação entre governo e Congresso Nacional.
"A relação já está tensa entre Planalto e Congresso", avalia. "Se tanto oposição quanto situação tivessem certeza de vantagem, [a fala] não geraria tanta polêmica e não seria necessário pedir voto tão escancarado nesse momento. Vai ser eleição acirrada em SP. Pra mim, tanto a fala quanto a reação a ela mostram o quanto a eleição de SP preocupa. Porque vai ser prévia de 2026, pode ser resultado do que vai acontecer em 2026", analisa.