"Não estou surpreso", diz Maia sobre suposta espionagem da "Abin paralela"
O ex-presidente da Câmara dos Deputados é um dos alvos de núcleo que também teria investido ilegalmente contra ministros do STF e ex-governador
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou não estar surpreso com o possível envolvimento do deputado e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), na espionagem de inimigos políticos.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Maia é um dos alvos da chamada "Abin paralela", investigada pela Polícia Federal, na Operação Vigilância Aproximada. Na lista também estão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o ex-governador do Ceará Camilo Santana, atual ministro da Educação, servidores públicos, policiais, advogados e jornalistas.
"Me surpreende muito uma pessoa que desrespeitou a democracia, a Constituição, a Casa do Povo e usou o Estado para monitorar as pessoas, hoje é deputado federal e ainda quer ser prefeito do Rio de Janeiro. É a raposa cuidando do galinheiro na Câmara dos Deputados, e é essa mesma pessoa que poderia usar o aparelho de uma prefeitura poderosa como a do Rio de Janeiro contra os seus adversários", declarou Maia em nota.
Na manhã desta quinta-feira (25), a PF realizou buscas na residência e no seu gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
+ Quem é Alexandre Ramagem, deputado e ex-diretor da Abin alvo de operação da PF
A Operação Vigilância Aproximada faz parte das apurações iniciadas em 2023, que têm como alvo um núcleo paralelo montado dentro da Abin. Esse grupo criminoso usava um programa espião adquirido pela agência, o FirstMile, em 2018 – no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Os alvos da ação são policiais federais ligados a Ramagem.
As buscas desta quinta são desdobramento da primeira operação, a Última Milha, de outubro de 2023.
+ Valdemar Costa Neto fala em "perseguição" a Bolsonaro após operação da PF contra Ramagem
"O grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático", disse a PF, em nota. O objetivo, segundo a corporação, seria "obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal".
A PF descobriu que o software comprado pela Abin usava dados de GPS dos alvos para monitorar ilegalmente adversários via celulares. Quem operava o sistema eram servidores da agência designados para o Centro de Inteligência Nacional (CIN). A unidade, criada na gestão Bolsonaro, era vinculada ao gabinete de Ramagem. A estrutura foi desmontada pelo atual governo.
Nas apurações, descobriu-se que a ferramenta foi usada para acessar mais de 30 mil localizações de celulares, em especial durante as eleições de 2020. A Abin abriu apuração interna e colaborou com as apurações.