Política

Ministro de Lula contratou empresa suspeita investigada pela PF no caso Sóstenes e Jordy

Wolney Queiroz (Previdência) direcionou R$ 60 mil da cota parlamentar a locadora de veículos em 2022; ministro diz ter agido de forma lícita e transparente

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Wolney Queiroz, ministro da Previdência, e deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) | Divulgação/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil, Bruno Spada/Câmara e Kayo Magalhães/Câmara

O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, destinou em 2022 R$ 60 mil de sua cota parlamentar a uma locadora de veículos que é apontada pela Polícia Federal e pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino como possível instrumento de desvios de dinheiro público na investigação que tem como foco os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ).

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Os parlamentares de oposição a Lula foram alvos na última sexta-feira (19) de busca e apreensão da PF, ordenada por Dino. No flat de Sóstenes, que é líder da bancada do PL, os policiais encontraram R$ 470 mil em dinheiro vivo.

Em 2022, quando era deputado federal pelo PDT de Pernambuco, o atual ministro da Previdência de Lula recebeu da Câmara reembolso de R$ 60 mil por meio de dez notas fiscais relativas a aluguel de automóvel da Harue Locação de Veículos, mostram os dados do Portal da Transparência da Câmara.

A decisão de Dino relata a suspeita da PF de que a Harue seja uma empresa de fachada usada por Sóstenes e Jordy para desviar verba da cota parlamentar que cada deputado tem direito para gastos com aluguel de escritório, carros, passagens e alimentação, entre outros.

A PF cita ainda movimentação milionária e sem origem definida na conta de assessores dos parlamentares.

"Há, portanto, indícios de que o grupo familiar Souza Santana (Itamar, Acivânio, Florenice e Adailton) sejam operadores em movimentações suspeitas, envolvendo a Harue Locação, supostamente empresa de fachada que é beneficiária de recursos das cotas parlamentares dos deputados federais Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante", diz relatório da PF transcrito na decisão de Dino.

Em parecer dado na investigação, a Procuradoria-Geral da República afirmou que as investigações da PF "indicam conluio entre Itamar de Souza Santana e Adailton Oliveira dos Santos, assessores dos deputados Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante" com o objetivo de "conferir falsa aparência de legalidade à contratação da empresa Harue, que seria de propriedade de fato do próprio Itamar e gerenciada por seus familiares com o intuito de receber verbas da Câmara dos Deputados".

Ao autorizar a operação pedida pela PF, Dino escreveu em sua decisão entender haver indícios de desvios de verbas públicas com "utilização de empresas de fachadas para a prestação de serviços que foram pagos com cota parlamentar", utilizando, "para o sucesso da empreitada, empresas como a Harue Locação de Veículos".

Em nota encaminhada por sua assessoria, Wolney disse que a atual investigação não se confunde com seu caso, que diz respeito a uma contratação de "serviços de forma regular, lícita, transparente e em estrita observância das normas e da integridade no uso de recursos públicos".

O ministro disse ainda que antes da contração seu gabinete verificou se a empresa tinha registro regular e ativo e se o veículo estava em perfeitas condições de uso.

"Os valores praticados eram compatíveis com os preços de mercado à época. Cada despesa foi analisada pelo Departamento de Apoio Parlamentar, responsável pela auditoria das notas fiscais apresentadas e dos respectivos pagamentos", afirmou também Wolney, acrescentando que todos os valores estão registrados nos canais oficiais da Câmara, disponíveis para consulta pública.

Em uma das notas apresentadas à Câmara por Wolney, por exemplo (junho de 2022), ele informou ter alugado naquele mês da Harue, por R$ 6.000, um Toyota Corolla Xei completo, cor preta, sem motorista e sem limite de quilometragem.

Os dados de uso da cota parlamentar da Câmara dos Deputados nos últimos cinco anos mostram que, além de Sóstenes, Jordy e Wolney, notas fiscais da Haruê foram apresentadas para reembolso também pelos deputados Marx Beltrão (PP-AL) e Waldenor Pereira (PT-BA).

O primeiro foi reembolsado em R$ 20 mil em 2021. O segundo, R$ 6 mil em 2023.

A assessoria de Marx Beltrão disse que o parlamentar alugou da empresa um Corolla Sedan por cinco meses em 2021, último período em que o gabinete precisou locar veículos. E que o contrato se desenrolou normalmente, sem nenhuma intercorrência.

A assessoria de Waldenor Pereira afirmou que a locação de apenas um mês se deu porque a empresa que alugava regularmente veículos ao gabinete precisou interromper o fornecimento por um período, mas que a contratação da Harue se deu de forma usual, com contrato e nota fiscal, sem nenhum sinal de anormalidade.

Jordy e Sóstenes negam qualquer desvio por meio de cota parlamentar. Eles já haviam sido alvos nessa investigação, em dezembro de 2024, em operação batizada à época de Rent a Car.

Sóstenes afirmou que o dinheiro em espécie encontrado em seu flat é fruto da venda de um imóvel em Minas Gerais. Ele não apresentou à imprensa documentos ou informações sobre essa suposta transação imobiliária.

O parlamentar declarou em 2022 à Justiça eleitoral que seu patrimônio se resumia a depósitos bancários que não chegavam a R$ 5 mil.

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