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Política

Lula vai jantar com líderes da Câmara e Motta em meio à pressão por anistia do 8 de janeiro

Presidente aposta em diálogo à mesa para evitar crise institucional e reforçar apoio no Congresso Nacional

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Motta e Lula | Divulgação/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu sentar à mesa com os líderes da Câmara dos Deputados. Nesta quarta-feira (23), ele participa de um jantar na residência oficial do presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). No cardápio da noite, três pratos principais:

  • O projeto de anistia aos envolvidos no ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, com a reorganização da base aliada na Câmara;
  • Instalação da comissão que vai discutir a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda;
  • E a rejeição do deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA) ao convite feito por Lula para assumir o Ministério das Comunicações.

+ Pedro Lucas recusa convite para assumir Ministério das Comunicações

Entenda momento da relação entre governo e Congresso

O jantar acontece num momento delicado. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, conseguiu reunir 262 assinaturas pedindo urgência para votar o projeto de anistia, número acima do mínimo necessário (257). A proposta reacende a polarização no Congresso e pode azedar o clima entre os Poderes.

Mas, apesar da urgência protocolada pela oposição, Motta avisou mais uma vez nesta quarta (23) que o projeto da anistia não é prioridade.

+ Moraes critica anistia e compara ataques aos Três Poderes à invasão de uma casa

"Temos que focar naquilo que realmente interessa. Que são as ações que vão levar a quem mais precisa mudanças de qualidade de vida", disse o presidente da Câmara, em evento da CNN.

Motta ainda alertou que o Brasil "não pode, em um cenário de crise internacional, viver mais uma crise institucional". Ou seja: a anistia até pode estar na mesa do jantar, mas corre o risco de nem sair da geladeira.

Nos bastidores, o Planalto age com discrição para desmontar o movimento da oposição, tentando convencer deputados do Centrão e da base a retirarem assinaturas do pedido de urgência. Assim, o projeto perde força política, e Motta ganha respaldo para deixá-lo fora do cardápio, sem precisar bater de frente com a oposição.

Enquanto isso, o governo mira em outro prato bem mais temperado: a reforma do Imposto de Renda, que deve beneficiar quem ganha até R$ 5 mil. O relator será o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Motta considera esse projeto a prioridade da Casa, embora admita que ele deve passar por ajustes durante a tramitação. Uma pauta mais leve, com sabor popular, que pode unir diferentes setores do Congresso.

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O jantar também serve para costurar a base aliada, que deu sinais de desgaste após o deputado Pedro Lucas (União Brasil-MA) recusar o convite de Lula para assumir o Ministério das Comunicações. A recusa expôs a dificuldade do Planalto em manter a harmonia interna no União Brasil e acendeu alerta vermelho no Palácio.

Na quinta (25), Lula embarca para a Itália com Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Vão acompanhar o funeral simbólico do papa Francisco e também devem aproveitar o momento para conversas reservadas, longe dos holofotes, mas com o peso dos Três Poderes à mesa.

Enquanto isso, no Brasil, o destino do projeto da anistia segue em banho-maria. Porque em Brasília, como se sabe, o que se mastiga na política nem sempre é fácil de engolir.

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