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Política

Lula não sobe a rampa: plano encontrado com assessor de Braga Netto tinha "intenção golpista", diz PF

General, que foi ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro e candidato a vice na chapa, foi preso pela Polícia Federal neste sábado (14)

Imagem da noticia Lula não sobe a rampa: plano encontrado com assessor de Braga Netto tinha "intenção golpista", diz PF
Braga Netto foi preso pela Polícia Federal neste sábado (14) | Reprodução
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O coronel do Exército Flávio Botelho Peregrino, ex-assessor de Walter Braga Netto, foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal neste sábado (14), em Brasília. Foi com ele que, na Operação Tempus Veritatis, realizada pela PF em fevereiro deste ano, agentes encontraram um plano com "clara intenção golpista" em que se destacava uma frase: "Lula não sobe a rampa".

+ Casa de Braga Netto foi cenário de reunião para tramar golpe de Estado

Os agentes encontraram na mesa de trabalho do assessor, na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília, um documento manuscrito, com esboços de ações planejadas para a denominada "Operação 142", uma referência ao Artigo 142 da Constituição Federal (que regulamenta o papel das Forças Armadas e é interpretado erroneamente por golpistas). Essa era uma possibilidade sugerida pelos investigados como meio de implementar uma ruptura institucional após a derrota eleitoral do então presidente Jair Bolsonaro.

“Operação 142” e plano golpista

O item encontrado em uma pasta intitulada "memórias importantes" traz o esboço de ações que incluíam:

  • Interrupção da transição presidencial;
  • Anulação das eleições de 2022;
  • Substituição de membros do TSE;
  • Prorrogação dos mandatos vigentes;
  • Organização de novas eleições controladas pelo grupo golpista.
Manuscrito encontrado na mesa de Peregrino na sede do PL | Reprodução/Polícia Federal
Manuscrito encontrado na mesa de Peregrino na sede do PL | Reprodução/Polícia Federal

O plano detalhava ainda o objetivo final: impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumisse o cargo. Abaixo do tópico "Estado Final Desejado Político", foi incluída a frase "Lula não sobe a rampa", demonstrando explicitamente a intenção de barrar a posse presidencial.

O grupo também elaborou um diagrama do manuscrito para facilitar a leitura e entendimento da trama golpista.

Diagrama elaborado pelo grupo para melhor entendimento da trama golpista | Reprodução/Polícia Federal
Diagrama elaborado pelo grupo para melhor entendimento da trama golpista | Reprodução/Polícia Federal

Interferência na delação de Mauro Cid

Entre os materiais encontrados durante as investigações e revelados no inquérito da Polícia Federal, destaca-se um documento contendo perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. As respostas, escritas em primeira pessoa, sugerem que Cid forneceu informações a um grupo interessado em atrapalhar as investigações conduzidas pela PF.

Além disso, segundo a PF, Braga Netto e Peregrino teriam interferido na delação premiada do ex-ajudante de ordens. O acordo de Cid chegou a correr risco, mas foi mantido por Moraes após um novo depoimento, em que ele acrescentou informações e esclareceu contradições.

Envolvimento de Braga Netto

Para a Polícia Federal, os materiais encontrados com Peregrino, assessor direto de Braga Netto, reforçam o vínculo entre o general, preso na manhã deste sábado (14), e as tentativas de articular uma ruptura institucional.

“O documento demonstra que Braga Netto e seu entorno, ao contrário do explicitado no documento anterior, tinha clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito, utilizando uma interpretação anômala do art. 142 da CF, de forma a tentar legitimar o golpe de Estado”, diz o relatório da PF.

Além disso, o ex-ministro da Defesa teria repassado dinheiro vivo aos "kids pretos" para que eles executassem o plano de matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

As análises preliminares indicam que o plano foi feito entre novembro e dezembro de 2022, logo após a derrota eleitoral de Bolsonaro. A investigação aponta que o grupo golpista mobilizou estratégias políticas, jurídicas e militares para tentar legitimar as ações autoritárias.

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