Lula e presidente da Espanha defendem acordo entre Mercosul e União Europeia
Brasileiro diz que acordo comercial entre os dois blocos não regrediu e que país "está pronto" para assinar
Segundo Lula, o acordo entre Mercosul-UE nunca esteve tão avançado e o Brasil “está pronto” para assiná-lo.
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"Ainda vamos assinar esse acordo para o bem do Mercosul e para o bem da União Europeia. A União Europeia precisa desse acordo. O Brasil precisa desse acordo. Não é mais uma questão de querer ou não querer, de gostar ou não gostar. Precisamos politicamente, economicamente e geograficamente fazer esse acordo, precisamos dar um sinal para o mundo de que queremos andar para frente. Por isso estou otimista", disse Lula.
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Lula ainda rechaçou a resistência da França em assinar o termo devido à pressão de produtores agrícolas no país, que teriam um pensamento mais protecionista com relação aos produtos locais. No entanto, segundo Lula, a aprovação do acordo não depende dos franceses.
"O que acontece é que a França, já há muito tempo, não é de hoje, traz um problema com relação aos produtores agrícolas. Qual é a minha tranquilidade? A minha tranquilidade é que, segundo informações, a União Europeia não depende do voto da França para fazer o acordo. A União Europeia tem procuração para fazer o acordo e a França pode não gostar, mas, paciência, faz parte do acordo, a França faz parte da União Europeia", disse Lula.
Pedro Sánchez agradeceu a Lula pelos avanços nas negociações para que o acordo Mercosul-UE saia do papel e disse que os países envolvidos em uma eventual parceria terão muito a ganhar em diversas áreas.
“Quero agradecer ao presidente Lula no sentido de avançar nesse acordo, que reforça nossos vínculos de investimento, e contribui com benefícios sociais e de meio ambiente", afirmou Sánchez. "América Latina e a União Europeia são aliados naturais. Estou determinado a continuar construindo esses compromissos assegurados na cúpula Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) do ano passado”.
Acordos bilaterais
A agenda de Sánchez está voltada para investimentos do país europeu no Brasil e inclui visita ao estado de São Paulo nesta quinta-feira (7). Após o encontro bilateral desta quarta no Palácio do Planalto, Sánchez e Lula participaram de reunião com empresários espanhóis, conduzida pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também no Planalto.
Foram assinados uma série de atos de cooperação entre setores dos dois países.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Espanha é o segundo maior investidor no Brasil. Os espanhois estão presentes nos setores energético, bancário, de telecomunicações e de seguros, entre outros.
Mais de mil empresas espanholas estão presentes no mercado brasileiro, como a Telefônica e o Banco Santander.
O estoque total de investimentos do país europeu no Brasil é estimado em US$ 59 bilhões, com fluxo anual de cerca de US$ 3,3 bilhões nos últimos anos.
“O Brasil é um destino muito atrativo para as empresas espanholas, especialmente as que tratam de transição energética e também mitigação e enfrentamento às mudanças climáticas”, disse Sánchez, lembrando de ações do Estado brasileiro para a estabilidade política e econômica, como a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária.