Lula diz que "é nobre" haver diferenciação entre usuário e traficante de maconha
Presidente também defendeu que o uso da cannabis deve ser definido pela ciência
Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a diferenciação entre usuário e traficante na discussão sobre as drogas no Brasil. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (26) o porte de 40 gramas de maconha como o limite máximo para a pessoa ser considerada um usuário, não um traficante.
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“Eu acho que é nobre que haja diferenciação entre o consumidor, o usuário e o traficante. É necessário que a gente tenha uma decisão sobre isso, não na Suprema Corte, pode ser no Congresso Nacional, para que a gente possa regular”, disse Lula.
O presidente afirmou ainda que a discussão sobre o uso da maconha deve ser definida pela ciência. Ele abordou também o uso medicinal e a flexibilização da planta em diversos países pelo mundo.
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“[Essa prerrogativa] eu acho que deveria ser da ciência. Cadê a comunidade psiquiátrica nesse país que não se manifesta e não é ouvida? Não é uma coisa de código penal, é uma coisa de saúde pública. O mundo inteiro está utilizando o derivado da maconha para fazer remédio, tem gente que toma para dormir, para combater o Parkinson, para combater Alzheimer, ou seja, tem gente que toma para tudo. Eu tenho uma neta que tem convulsão, ela toma”, disse, em entrevista ao portal UOL.
“Se a ciência já está provando em vários lugares do mundo que é possível, por que fica essa discussão contra ou a favor? Por que não encontra uma coisa saudável, referendada pelos médicos que entendem disso, pela psiquiatria brasileira ou mundial, pela Organização Mundial da Saúde, alguma referência mais nova para dizer 'é isso' e a gente obedece?”, acrescentou Lula.