Líder do PT na Câmara reage a deputado que desejou morte de Lula: "Passou de todos os limites"
Lindbergh Farias estuda enviar medidas ao Conselho de Ética e mover uma ação criminal; AGU pede investigação da PF
Rafael Porfírio
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), reagiu com indignação às declarações do deputado Gilvan da Federal (PL-ES), que, durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública nessa terça-feira (8), afirmou que "quer que o presidente Lula morra".
A fala foi feita durante a defesa de um projeto de lei que propõe desarmar os seguranças do presidente da República e de ministros de Estado, e gerou forte repercussão entre parlamentares.
Declaração polêmica
Em um discurso com tom de ódio, o deputado Gilvan da Federal atacou diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos, é um direito meu. Não vou dizer que eu vou matar o cara, mas eu quero que ele morra [...]. Tomara que ele tenha uma taquicardia, porque nem o diabo quer a desgraça desse presidente que está afundando o país", falou Gilvan da Federal.
O projeto relatado pelo deputado Gilvan da Federal foi aprovado na Comissão de Segurança Pública, por 15 votos a 8, nessa terça.
Agora, a proposta segue para as comissões de Administração e Serviço Público, e de Constituição e Justiça.
Gilvan justificou sua posição afirmando que o atual governo "desarma o cidadão comum, mas mantém um aparato armado para proteger suas lideranças".
Ele alegou que o projeto é uma "coerência" com o discurso do governo federal de promover uma cultura de paz.
Reações
Segundo Lindbergh, além da representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o PT estuda apresentar uma ação criminal ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Gilvan da Federal.
"Nós já decidimos, estamos preparando uma representação no Conselho de Ética, mas estamos estudando também uma representação criminal. [...] Essa Comissão de Segurança Pública está mais do que desmoralizada. No dia em que o governo apresenta uma PEC da Segurança, eles aprovam uma proposta para desarmar os seguranças do presidente. Olha o grau de loucura que estamos chegando. Vamos exigir responsabilidade. Chega, essa Casa tem que dar uma resposta e punir exemplarmente esse sujeito", finalizou o líder petista.
A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou, na noite dessa terça, uma notícia de fato à Polícia Federal (PF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando a investigação das falas do deputado federal Gilvan da Federal.
Pelas redes sociais, o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, defendeu a notícia de fato enviada à PF e PGR, classificando as falas de Gilvan como "inaceitáveis".
"É inaceitável no Estado Democrático de Direito que um parlamentar use o espaço nobre da Comissão de Segurança Pública da Câmara para defender a morte do presidente da República Federativa do Brasil", escreveu o magistrado.
O projeto foi duramente criticado por alguns parlamentares. O deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) classificou o projeto como "tragicômico" e inconstitucional.
"O presidente Lula nunca disse que os agentes de segurança não podem estar armados. O que nós defendemos é que armar em massa a população civil não é uma política pública eficaz de segurança", argumentou.









