INSS: "Se biometria tivesse sido instalada, 50% das fraudes poderiam ser evitadas", diz delegado da PF
"Eu acho que todos falharam, essa fraude demonstra um concerto de vários atores", avalia policial na Comissão de Segurança Pública da Câmara

Marcos Santos
O delegado da Polícia Federal (PF) Carlos Henrique Oliveira e Sousa afirmou nesta terça-feira (28), na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, que a governança do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e entidades fiscalizadoras falharam em não ter atuado no combate às fraudes em benefícios. Ele também comentou que instalação de biometria poderia ter evitado pelo menos 50% dos descontos indevidos.
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"Eu acho que todos falharam, essa fraude demonstra um concerto de vários atores. A gente teve questões legislativas, questões de governança do próprio INSS e uma série de fatores envolvidos nesses fatos", falou a deputados.
Ao ser questionado por parlamentares sobre o que motivou as investigações, Oliveira e Sousa afirmou que as fraudes foram divulgadas primeiro por jornalistas e as investigações começaram após apresentação de uma notícia-crime contra o INSS.
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"Em fevereiro de 2024, recebemos outra noticia-crime. Até então não tínhamos dimensão do tamanho dessa fraude. Já tínhamos alguns inquéritos na PF, mas não receberam o tratamento especial", completou.
A PF recomendou ao INSS que os sistemas do órgão fossem aperfeiçoados para evitar possíveis fraudes, mas o instituto não adotou as melhorias.
"Os sistemas devem ser aperfeiçoados para que isso não aconteça. Se a biometria tivesse sido instalada, 50% das fraudes poderiam ser evitadas. A PF tem tentado e tem feito seu trabalho", disse.
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As fraudes no INSS vieram à tona em 23 de abril, quando a PF e a Controladoria Geral da União (CGU) deflagraram a operação Sem Desconto, que revelou um esquema suspeito de desviar cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.