Governadores criticam ações do governo após reunião sobre queimadas; ministros rebatem
Governador de Goiás, Ronaldo Caiado disse que União demorou a agir; Rui Costa mostrou surpresa com críticas e afirma que tom na reunião foi ameno
A reunião no Palácio do Planalto sobre queimadas do governo federal com governadores, nesta quinta-feira (19), foi marcada por críticas, mas com alguma compreensão dos chefes executivos estaduais. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), foi o que mais elevou o tom em entrevista coletiva após a reunião comandada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
+ Marina Silva diz que existem 106 incêndios sem combate no Brasil por 'dificuldade de acesso'
Insatisfeito, Caiado disparou críticas para todos os lados, que se estenderam não só à 'procrastinação' do governo federal, mas ao modelo político brasileiro.
"O governo federal não estava preparado para o que aconteceu. De repente foi procrastinando e agora vai chegando ao final. Mês de novembro acredito eu que já estará chovendo", disse.
“Precisamos rediscutir o federalismo no Brasil. Brasília não sabe governar o país. Isso é uma ineficiência completa. Dê estrutura pro governador montar essas estruturas avançadas do Corpo de Bombeiros”, disparou. “[O governo federal] não deu conta de resolver no Rio Grande do Sul e não vai resolver as queimadas”, acrescentou.
Em tom mais ameno, Mauro Mendes também fez críticas ao governo. Segundo ele, a reunião desta quinta-feira poderá produzir efeitos apenas em 2025, mas terá pouco efeito prático para este ano.
“Tenho absoluta convicção de que adotando-se essa medida mais dura e mais restritiva, praticamente nós vamos banir alguns crimes ambientais e que esse exemplo possa servir para outros campos também da normativa brasileira, banir alguns tipos de crimes também tão recorrentes e tão persistentes no nosso Brasil”, disse o governador.
+ Sem Lula, Rui Costa se reúne com governadores e propõe cooperação no combate aos incêndios
Mendes também afirmou que medidas foram tomadas com antecedência no estado com apoio do governo federal, mas a proporção das queimadas, na prática, 'foi muito maior que o efetivamente planejado'.
Tom ameno?
Após a reunião, Rui Costa manifestou surpresa com o tom das críticas dos governadores, principalmente de Ronaldo Caiado. Ele afirmou que durante a conversa a portas fechadas no Palácio do Planalto, as críticas não foram pontuadas da mesma maneira e que teve até agradecimento por parte dos governadores.
Tanto Rui Costa, quanto os governadores frisaram o teor criminoso da maioria dos incêndios causados no país. O ministro da Casa Civil afirmou que questão "basilar" da seca, o caos causado pelos incêndios foi potencializado por incêndios criminosos.
Lei ambiental
Outra crítica dos governadores é sobre a fragilidade das leis ambientais do país. Eles afirmam que incendiários são presos, mas acabam soltos em pouco tempo.
O governador Helder Barbalho (MDB), do Pará, afirmou também que é necessário realizar uma grande campanha para desestimular a cultura de manejo de fogo para limpeza de roças e terrenos, por exemplo. O argumento também foi usado pelos ministros Rui Costa e Marina Silva (Meio Ambiente).
"Defendi que haja um investimento gigantesco para desestimular o manejo de fogo. Outra questão, é que no nosso estado prendemos muitas pessoas [responsáveis por atear fogo nas matas], mas às vezes, em algumas horas, eles eram soltos em audiência de custódia".
Governadores que participaram da reunião:
- Governador do Pará, Helder Barbalho
- Governador do Goiás, Ronaldo Caiado
- Governador do Mato Grosso, Mauro Mendes
- Governador do Amazonas, Wilson Lima
- Governador do Acre, Gladson Cameli
- Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha
- Governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel
- Governador de Tocantins, Wanderlei Barbosa
- Governador de Roraima, Antonio Denarium
- Vice-Governador, Sérgio Gonçalves da Silva – Governo de Rondônia
- Vice-Governador, Antônio Pinheiro Teles Júnior - Governo do Amapá