Futuro de Juscelino depende de negociação com União Brasil por fidelidade no Congresso
Ministro indiciado ganha tempo para se defender enquanto Lula estiver cumprindo agenda pela Europa
A estratégia do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, é usar os próximos dias para se defender das acusações feitas pela Polícia Federal (PF) de que o político participou de um esquema para desviar recursos de uma estatal federal em obras de pavimentação.
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O ministro foi indiciado pela PF, mas continua no cargo. A conclusão da investigação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo dia em que o presidente Lula embarcou para Genebra, na Suíça, para participar de conferência da OIT – Organização Mundial do Trabalho.
Por isso, Lula só deve tratar do assunto na volta da viagem, o que deve ocorrer no fim de semana, já que o presidente terá agenda também na Itália para participar do encontro do G7.
Mesmo após a viagem, Lula só decidirá o futuro de Juscelino Filho depois de falar com dirigentes partidários. O União Brasil, partido do ministro, emitiu nota fazendo defesa do político e acusando a Polícia Federal de perseguição.
No Palácio do Planalto, auxiliares do presidente avaliam que, apesar do indiciamento respingar no governo, a vulnerabilidade do ministro por causa da ação da PF é a oportunidade para Lula cobrar maior fidelidade dos dirigentes da sigla, que tem 58 deputados e 7 senadores.
As traições do partido ficaram claras em votações recentes, um exemplo foi a sessão conjunta do Congresso Nacional em 28 de maio, dia que caiu o veto parcial de Lula ao projeto que acabou com a saída temporária de presos do regime semi-aberto. Dos 58 deputados do União, 54 votaram contra Lula e apenas 1 parlamentar foi favorável ao veto.
Além de Juscelino Filho, o União Brasil tem também o ministro Celso Sabino, do Turismo.
Para manter o ônus de ter na Esplanada um ministro sob suspeita, Lula vai cobrar dos dirigentes do União Brasil votos que possam ser decisivos para o Palácio do Planalto seja para barrar o avanço da pauta de costumes ou conseguir avançar na pauta econômica.
O esquema de desvio de recursos investigado pela PF teria acontecido em 2022 quando o chamado orçamento secreto fez com que o pagamento de emendas parlamentares não fosse transparente, o que acabou sendo derrubado pelo STF.