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Política

Eleições de 2026 devem ampliar distanciamento entre Centrão e Lula, avalia cientista político

Cláudio Couto afirma que maior controle do Congresso sobre o orçamento federal reduziu os poderes do Executivo

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O presidente Lula | Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Com a aproximação das eleições presidenciais de 2026, o Centrão, bloco informal formado por partidos como PSD, MDB, Republicanos e União Brasil, deve ampliar o distanciamento do governo Lula, segundo Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Temos uma grande parte do Congresso não alinhado ideologicamente ao presidente, tendente a embarcar em uma candidatura de outro campo político”, afirmou o especialista em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, nesta quarta-feira (2).

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Em relação aos deputados que apoiam Lula, membros de partidos como PDT e PSDB, Couto avaliou que eles se distanciaram do governo ao votarem contra o decreto presidencial do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por serem sensíveis às pressões de grupos econômicos e interesses setoriais.

Para o especialista, o Congresso é fortemente pressionado por interesses econômicos e lobbies que defendem setores poderosos. Esse fator dificulta ainda mais a construção de consenso e a aprovação de medidas importantes, especialmente aquelas relacionadas ao ajuste fiscal e à reforma tributária, comprometendo a efetividade da agenda econômica do governo.

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“Temos uma soma de fatores. Por um lado, o interesse eleitoral em apoiar outras candidaturas. Por outro, a influência econômica que mantém parlamentares, mesmo aliados, contra o governo em votações cruciais”, afirmou o cientista político.

Perguntado sobre a pesquisa Genial/Quaest, que mostra 46% dos deputados federais avaliando o governo Lula negativamente, Couto explicou que isso não se deve somente aos conflitos recentes após a derrubada do decreto do IOF. O motivo principal são mudanças institucionais na última década, quando o Congresso passou a controlar grande parte do orçamento federal.

“Isso tirou poder do presidente da República e deu poder para o Congresso, criando uma coisa que eu tenho chamado de governo congressual”, disse.

Segundo Couto, o Congresso dita a agenda, enquanto o Executivo “vai de carona” e perde autonomia para implementar suas políticas.

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O professor avalia ainda que o cenário dificulta a obtenção de apoio para reformas e medidas econômicas, especialmente diante da distância ideológica entre o presidente e a maioria dos parlamentares.

“Relacionada à questão do Orçamento, há uma dificuldade muito grande de fazer qualquer política de ajuste fiscal porque, mesmo que o Executivo tenha a intenção de mudar a estrutura das contas públicas, ele não consegue apoio do Legislativo. Em parte, porque o Legislativo não abre mão do controle sobre muitos recursos orçamentários, mas também pelo fato de que o Congresso é muito sensível aos interesses de grandes grupos econômicos”, afirmou.

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