Como a oposição conservadora conseguiu neutralizar o governo Lula no Congresso
Bombardeio de propostas em comparação à gestão Bolsonaro, eleição municipal e fragilidade da base explicam derrotas
A pauta conservadora do Congresso Nacional tem avançado de maneira eficiente durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas últimas 48 horas, três propostas capitaneadas pela oposição levaram o governo que se considera de uma esquerda progressista para a lona: “saidinhas de presos”, controle de armas e fake news.
O movimento da bancada conservadora, entretanto, foi iniciado ainda em 2023, com a nova Legislatura. E assim se explica o primeiro movimento da oposição, um bombardeio na apresentação de projetos.
Levantamento da Contatos Assessoria Política, feito a pedido do SBT News, revela um aumento de 32% e de 130% de avanços legislativos em projetos conservadores na Câmara e no Senado, respectivamente. A comparação levou em consideração o primeiro ano de governo Jair Bolsonaro (2019) com os 12 meses de Lula (2023).
No primeiro ano de Bolsonaro, deputados apresentaram 55 projetos considerados de direita, e 73 nos anos Lula. Enquanto os senadores saltaram de 10 para 23.
O principal tema no período analisado na gestão Bolsonaro foi homeshooling, enquanto no governo Lula foram a proibição de casamento entre pessoas do mesmo sexo, criminalização do porte de drogas e demarcação de terras indígenas. Algo que apareceu nos dois mandatos foi a pauta do aborto.
Um dado a se considerar é que o grupo de congressistas mais conservador manteve a mesma proporção entre os governos Bolsonaro e Lula. No caso da bancada da segurança, a queda foi de 70 para 66 deputados e senadores. A bancada evangélica, que apresenta temas mais conservadores, caiu de 92 para 85.
A questão é que esses parlamentares têm agregado mais apoios no governo Lula, principalmente nas comissões de segurança e na de Constituição e Justiça (CCJ), onde a tramitação dos projetos é iniciada.
"Essa direita mais conservadora vem se organizando desde o governo Lula 2, quando começaram a tomar frente às comissões permanentes no Congresso Nacional", alertou o especialista André Santos, da Contatos Assessoria Política.
Outro fator importante é a proximidade com a eleição municipal de outubro. Temas como a saída temporária de presos acabaram recebendo apoio de parlamentares do próprio PT.