Comissão da Câmara marca depoimento do “hacker de Araraquara” no caso Zambelli

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados marcou para a próxima quarta-feira (10), às 10h, o depoimento de Walter Delgatti Neto, o hacker que confessou ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a pedido da deputada Carla Zambelli (PL-SP). A oitiva, que será realizada por videoconferência, é considerada peça-chave no processo que pode levar à cassação do mandato da parlamentar.

Delgatti já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8 anos e 3 meses de prisão por crimes como invasão de sistema informático e falsidade ideológica, e a sentença menciona diretamente a participação de Zambelli no caso. Segundo as investigações, a deputada teria fornecido equipamentos, recursos e orientações ao hacker para que ele acessasse indevidamente o sistema do CNJ, com o objetivo de inserir documentos fraudulentos.

Zambelli também foi condenada a 10 anos de prisão pelo ataque hacker, mas fugiu para Itália, onde está presa aguardando extradição.

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O depoimento de Delgatti na CCJ será decisivo para confirmar ou contestar se Zambelli ordenou ou teve conhecimento prévio das ações ilegais. A defesa da parlamentar nega envolvimento direto, mas o depoimento do hacker pode frisar a narrativa de que ela atuou de forma ativa na fraude, o que pode pesar contra ela no julgamento político também.

Contexto do caso

O caso veio à tona em 2023, quando Delgatti admitiu à Polícia Federal (PF) ter invadido o sistema do CNJ a mando de Carla Zambelli. Segundo ele, o objetivo seria plantar documentos falsos com teor que supostamente comprometesse o Judiciário. A ação acabou frustrada, mas gerou forte repercussão.

A Primeira Turma do STF tornou ambos réus no processo, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou uma atuação coordenada entre eles. O caso acabou se desdobrando também em um pedido de cassação do mandato de Zambelli na Câmara dos Deputados

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Próximos passos

Com os depoimentos de Delgatti e do perito da defesa, a CCJ deve concluir a fase de instrução do processo. Na sequência, será elaborado um parecer sobre a eventual perda do mandato, que deve ser submetido à votação no plenário da Câmara.

Como se trata de um processo político e não judicial, cabe aos deputados decidirem, por maioria qualificada, se a parlamentar perde ou não o mandato independentemente da condenação já determinada pelo STF.