Carta de CEO do Carrefour é "muito fraca" para o "estrago de imagem" produzido, diz Lira
Presidente da Câmara reforçou nesta terça-feira (26) que a Casa vai dar andamento a projeto de lei da reciprocidade econômica entre países
Guilherme Resck
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça-feira (26) ter considerado "muito fraca" a carta do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, endereçada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, dado o "estrago de imagem" que Bompard produziu com a declaração da semana passada. Segundo o deputado, a resposta ideal após a polêmica gerada pelo anúncio de que a empresa não venderá mais carnes dos países do Mercosul nas lojas da França seria uma "desculpa formal", reconhecendo a qualidade dos produtos brasileiros.
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Lira fez as declarações em entrevista coletiva após participar de uma reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a bancada ruralista, para tratar da tramitação do projeto de lei da reciprocidade econômica entre os países. O texto, de autoria do deputado federal Tião Medeiros (PP-PR), está na Comissão de Meio Ambiente da Câmara.
A proposta proíbe o Brasil de participar e aceitar tratados e acordos que possam representar restrições às exportações brasileiras e ao livre comércio, o que acontece quando outros países ou blocos signatários não adotarem, em seu marco legal e regulatório, instrumentos equivalentes às normas brasileiras.
Lira vai propor aos líderes da Câmara que aprovem a urgência da matéria. Aprovada a urgência, o relator será o deputado Zé Vitor (PL-MG). A ideia é que, após aprovado na Casa Baixa, o texto tramite em conjunto com outro mais antigo, de mesmo tema, que está no Senado. Este é de autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e tem como relatora a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
Lira não acredita que o governo vai se opor aos projetos, que, segundo ele, dão "mecanismos de freios e contrapesos" nas relações comerciais bilaterais do Brasil.
"A nossa conversa é de muita responsabilidade, porque esse projeto, depois de votado, não vai causar efeito somente para a União Europeia, é para o mundo todo. Portanto a gente tem parceiros comercias no mundo todo que têm responsabilidades com o Brasil e o Brasil com eles", pontuou Lira. Ainda não há data para votação da urgência e dos projetos; o do Senado será discutido em audiências públicas até o início de dezembro.
"Não podemos minimizar", diz Lira
O presidente da Câmara disse que o Brasil não pode minimizar o episódio envolvendo o Carrefour e "deixar de lado o que está acontecendo", acrescentando que as empresas francesas Tereos e Carrefour estão "numa escalada de narrativas que não são verdadeiras, falando para o mundo sobre a dificuldade ou não da produção brasileira, sediadas no Brasil".
Segundo ele, "não há como se separar o Carrefour francês do Carrefour brasileiro, até porque os dividendos aqui vão todos para a França". "Precisamos ter uma postura muito firme para que esses ataques de desinformação cessem e tenham uma resposta à altura, tanto do Parlamento quanto do governo brasileiro".
Ainda conforme o presidente da Câmara, porém, o Ministério da Agricultura achou que a resposta do CEO do Carrefour foi conveniente.
Nas palavras de Lira, "é temerário que o Congresso Nacional, as entidades de produtores, o governo federal, o Itamaraty não se posicionem mais firmemente numa crescente de narrativas que visam gerar desinformação". "Por onde a gente anda e o tempo todo que gastamos mundo afora é para falar do rigor, da higidez do nosso Código Florestal", afirmou.
Ele ressaltou que não é possível falar em "falta de capacidade nem falta de critérios para a produção brasileira e nada que a desmereça". "Então o que o Congresso Nacional puder fazer, nós vamos fazer, trazer o debate, no Senado, na Câmara, nas frentes, para que esse assunto estanque, para que o Parlamento europeu possa se debruçar sobre o acordo Mercosul-União Europeia".
Lira defendeu ainda que os outros países que compõem o Mercosul também precisam se mobilizar diante da declaração da semana passada do CEO do Carrefour, porque a crítica foi feita ao bloco.