Câmara decide manter mandato de Glauber Braga e aplicar suspensão de seis meses
Plenário aprovou por 318 votos destaque que reduziu a punição proposta inicialmente no processo disciplinar contra o deputado


Jessica Cardoso
A Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (10), manter o mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) ao aprovar a troca da cassação por uma suspensão de seis meses. Com isso, o parlamentar será afastado temporariamente, mas retorna ao cargo após o cumprimento da penalidade.
A alteração foi possível com a aprovação de um destaque que reduziu a punição prevista no processo por quebra de decoro parlamentar. A medida recebeu 318 votos a favor, 141 contra e três abstenções.
A decisão ocorre um dia depois do episódio que marcou a sessão de terça-feira (9), quando Braga ocupou a cadeira da Presidência da Câmara. Ele foi retirado à força pela Polícia Legislativa, em uma ação que interrompeu o sinal da TV Câmara e levou à retirada da imprensa do plenário.
O deputado classificou a ocupação como um “ato político”, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamou o gesto de “desrespeitoso” e afirmou ter seguido protocolos de segurança para lidar com a situação.
A manifestação de terça não foi a primeira reação pública de Glauber contra o processo. Em abril de 2025, ele realizou uma greve de fome de nove dias, ingerindo apenas soro, isotônico e água, em protesto contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara que recomendou sua cassação.
A representação contra Braga foi apresentada pelo Novo após o deputado expulsar aos chutes e empurrões o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), em 16 de abril de 2024. Na ocasião, Costenaro fez insinuações sobre Saudade Braga, mãe do parlamentar e ex-prefeita de Nova Friburgo, que estava doente e morreu 22 dias depois.
Essa foi a quinta representação analisada pelo Conselho de Ética contra o parlamentar. Em outra ocasião, no início de 2024, o colegiado chegou a recomendar censura verbal. Os demais processos foram arquivados.
Quem é Glauber Braga
Glauber Braga, 43 anos, está na Câmara desde 2009, quando assumiu como suplente no lugar de Jorge Bittar (PT-RJ). Seu primeiro mandato como deputado eleito começou em 2011, e ele foi reeleito sucessivamente, chegando ao quarto mandato.
Antes filiado ao PSB, partido no qual permaneceu de 2001 a 2015, migrou para o Psol após discordar da aliança da antiga sigla com o MDB no Rio de Janeiro. Foi líder da bancada do Psol em 2017.
Conhecido pela postura combativa, colecionou embates com diferentes presidentes da Câmara. Em 2022, acusou o então presidente Arthur Lira (PP-AL) de usar o Conselho de Ética para intimidá-lo.
Antes, havia sido um dos mais críticos de Eduardo Cunha (MDB-RJ), a quem chamou de “gângster” na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), destacou-se como um dos principais nomes da oposição.
Glauber é casado com a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), com quem tem um filho.









