“Bolsonaro não está morto politicamente”, avalia especialista
Para o professor de Ciência Política André Rosa ato político do domingo abrirá caminho para o herdeiro do capital político do ex-presidente
O ex-presidente Jair Bolsonaro, com o apoio do pastor Silas Malafaia, promoverá manifestação na avenida Paulista em São Paulo no próximo domingo (25) para reanimar seu apoio popular frente às denúncias judiciais. Em entrevista ao Poder Expresso, o professor de Ciência Política, André Rosa, analisou as principais estratégias políticas de Bolsonaro ao realizar evento.
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“Está ato na Paulista mostra que o ex-presidente não está morto politicamente apesar de estar inelegível. E esse impedimento pode cair por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse ato mostra a força que ele ainda tem em meio a esse turbilhão de denúncias contra ele. Apesar do número de governadores ter menor expressão, o número de deputados é expressivo. E são eles que podem dificultar a vida do atual governo”, afirmou o professor.
+Apenas 3 dos 13 governadores eleitos com apoio de Bolsonaro confirmaram presença em manifestação
Apenas 3 dos 13 governadores eleitos com apoio de Bolsonaro confirmaram presença na manifestação. A lista de nomes previstos conta, também, segundo o advogado Fábio Wajngarten, com mais de cem deputados e de 10 a 15 senadores.
“Esse ato não necessariamente reverbera numa possível sucessão presidencial, mas sim para a transferência de votos para a própria Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. E Lula tem visto essas movimentações e tentando trazer o governador para o lado dele. Também tem o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Mas eu não vejo Bolsonaro como presidente novamente e sim com grande poder político para transferir votos”, avaliou André Rosa.
Ainda de acordo com o professor de Ciência Política, o caminho mais curto para esses votos seria na direção de Michelle. “Na campanha de Bolsonaro, ela fez um trabalho muito forte junto aos evangélicos. Ela já tem uma grande parcela do eleitorado de Bolsonaro. Mas no meu entendimento, acho que ele prefere lançar o próprio Tarcísio. A escolha final dependerá das pesquisas”, declarou Rosa.
Apesar da incerteza sobre novo nome que pode herdar uma parte do eleitorado, o cientista político não tem dúvidas que ainda é forte a força política de Bolsonaro. “Afirmo com toda certeza que o candidato que ele apoiar vai para segundo turno. O eleitorado brasileiro é bem dividido, metade para a direita e a outra para a esquerda. Eu tenho dúvida se ele leva Michelle para segundo turno, mas o Tarcísio e o Zema têm grandes possibilidades”, afirmou André Rosa.
Na entrevista ao Poder Expresso, o professor também avaliou que esse evento do próximo domingo faz parte de uma estratégia de se colocar como vítima. “Esse ato não é visando reverter nada juridicamente, é uma ato político. O Bolsonaro já sabendo que o caldo vai entornar, tenta pegar politicamente esse momento para maximizar seu capital político com vitimização de um processo de perseguição política. Toda essa movimentação mostra que Bolsonaro tem buscado um ganho de capital político contra todas essas denúncias. E isso pode mobilizar o eleitorado dele”, finalizou o professor de Ciência Política André Rosa.
Confira a entrevista: