Sinais que o corpo dá: como reconhecer cedo o câncer no útero e nos ovários
Conhecer sintomas, fatores de risco e caminhos de diagnóstico aumenta as chances de detecção precoce e de um tratamento eficaz


Brazil Health
O câncer de endométrio e o câncer de ovário estão entre os tumores ginecológicos mais relevantes para a saúde das mulheres. Embora surjam em partes diferentes do sistema reprodutor e tenham comportamentos distintos, ambos compartilham um ponto crítico: muitos sintomas iniciais são sutis, inespecíficos ou se confundem com mudanças comuns do dia a dia. Por isso, entender como se manifestam, quais fatores aumentam o risco e de que forma o diagnóstico precoce pode mudar o desfecho é fundamental para a prevenção e o cuidado.
Câncer de endométrio - quando o útero dá sinais que não devem ser ignorados
O câncer de endométrio é o segundo tipo mais frequente entre os tumores ginecológicos. Desenvolve-se na camada interna do útero e costuma apresentar sinais relativamente precoces. O sintoma mais clássico é o sangramento uterino anormal, especialmente após a menopausa. Também podem ocorrer menstruações muito intensas, sangramentos entre os ciclos, corrimento aquoso e dor pélvica persistente.
Entre os fatores de risco mais conhecidos estão a obesidade, a pressão alta, a síndrome dos ovários policísticos, o uso prolongado de estrogênio sem progesterona e o histórico familiar da doença. O estilo de vida também pesa: sedentarismo, alimentação inadequada e resistência à insulina favorecem alterações hormonais que aumentam a chance de o tumor surgir.
A boa notícia é que, quando diagnosticado precocemente, o câncer de endométrio apresenta altas taxas de cura. Por isso, qualquer mudança no padrão de sangramento deve motivar avaliação imediata com o ginecologista. Exames como o ultrassom transvaginal e a biópsia do endométrio são fundamentais para confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento.
Câncer de ovário - o tumor silencioso que exige atenção redobrada
Diferentemente do câncer de endométrio, o câncer de ovário costuma ser mais silencioso. No início, não apresenta sintomas específicos e, por isso, muitas vezes é diagnosticado em estágios mais avançados. Entre os sinais que merecem atenção estão a sensação de inchaço abdominal persistente, dificuldade para se alimentar, saciedade rápida, dor pélvica, alterações urinárias e desconforto intestinal contínuo.
Os fatores de risco incluem idade acima de 50 anos, mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2, histórico familiar, primeira menstruação precoce, menopausa tardia e não ter tido filhos. Embora não exista exame de rastreamento eficaz para a população geral, mulheres com alto risco genético podem se beneficiar de acompanhamento diferenciado, testes específicos e até cirurgias que reduzem o risco.
O diagnóstico envolve ultrassom, exames de sangue como o marcador CA-125 e, em muitos casos, tomografia ou ressonância. A confirmação é feita por avaliação cirúrgica, e o tratamento combina cirurgia e quimioterapia de acordo com o estágio da doença.
Cuidar da saúde ginecológica passa por atenção aos sinais do corpo e por consultas regulares. Sangramento anormal, inchaço persistente, dor pélvica recorrente ou mudanças repentinas no ciclo não devem ser ignorados. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores são as chances de um tratamento eficaz e de preservar a qualidade de vida.
* Larissa Müller Gomes é oncologista clínica e membro da Brazil Healt








