Base de Bolsonaro se mantém fiel mesmo com investigação sobre tentativa de golpe
Apoio ao ex-presidente subiu dez pontos percentuais nas redes sociais. Pesquisa de opinião mostra que 94,4% dos eleitores de Bolsonaro seguem sendo seus militantes
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Mesmo diante de uma série de indícios de que tentou dar um golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu manter o número de apoiadores nas redes sociais e entre seus eleitores. É o que mostram duas pesquisas distintas divulgadas nos últimos dias.
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Levantamento da empresa de consultoria Digimax/Popvox realizado no dia 9 de fevereiro, 48h após buscas e prisões, mostrou que as postagens sobre o tema chegaram a 2,25 bilhões de visualizações.
O apoio a Bolsonaro subiu de uma média de 8,1% nas semanas anteriores à operação da PF para 19% nas 48h após a operação. Nas redes sociais a operação foi comentada espontaneamente com maior incidência nas faixas etárias de 25 a 34 anos de idade com índices positivos pró-operação de 51%. Os números se invertem com o aumento das faixas etárias.
"Essa pesquisa nos mostra que quanto mais jovem a faixa etária, dos 25 aos 34 anos, menor é a tendência de acreditar na defesa de Jair Bolsonaro em relação as operações da semana passada. Isso mostra pra gente que Bolsonaro tem grande adesão do povo mais velho e que acredita na ideia e na proposta que ele defende, que engaja e passa a proposta adiante", diz o cientista político Thiago Valenciano.
O estudo leva em conta uma métrica de impressões a partir de posts com sentimentos positivos ou negativos localizados nos conteúdos ou comentários que mencionam o objeto de análise.
Eleitores fieis
O apoio popular a Bolsonaro também segue firme entre seus eleitores. Uma pesquisa do AtlasIntel divulgada logo após a operação constatou que 1,3% dos que votaram nele em 2022 admitiram que deixaram de ser seus apoiadores. Outros 94,4% seguem sendo simpatizantes de Bolsonaro.
"Há uma parede muito forte em torno do Bolsonaro e do bolsonarismo. É uma parede que se formou com muita rigidez e isso faz com que o nome do ex-presidente se consolide ou se mantenha forte para as eleições", acrescenta Valenciano.
Ainda assim, o apoio entre as lideranças de direita quase não apareceu. Nesta semana, o coronel da PM Ricardo Melo Araújo, que foi escolhido pelo PL como vice na chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, cobrou essas lideranças em um vídeo que está circulando na rede bolsonarista.
Disse o coronel: "Gostaria de ouvir aqui os nossos representantes de direita. Temos eleições municipais chegando e os grandes líderes da direita não se manifestaram. Temos deputados, senadores, governadores de Estado. Muitos foram eleitos nas costas do nosso presidente Bolsonaro".
De fato, apenas um dos treze governadores eleitos com o apoio de Bolsonaro em 2022 se manifestou a favor dele. Foi o catarinense Jorginho Mello. Eis o que ele disse sobre a operação: “Não tem impacto nenhum. A Polícia Federal parece que não tem mais o que fazer do que ficar requentando os fatos. Estão procurando pelo em ovo. Jair Bolsonaro é um homem decente”.
Os governadores dos estados mais populosos do país, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Claudio Castro (PL), do Rio, até agora não fizeram manifestações públicas a favor do presidente.
No último fim de semana, o ex-presidente chamou seus apoiadores para uma manifestação no dia 25 de fevereiro, em São Paulo. Nenhum desses governadores confirmou presença até o momento.