Massacre de Paraisópolis: audiência começa ouvir defesa de PMs e familiares das vítimas fazem protesto
Ainda não foi decidido se os PMs acusados serão julgados. Em frente ao Fórum, familiares das vítimas se reuniram com faixas com pedidos de Justiça
A Justiça retomou, nesta sexta-feira (28), uma audiência do caso do Massacre em Paraisópolis para ouvir 24 testemunhas — 22 de defesa e 2 de acusação. Em 2019, nove jovens morreram asfixiados e pisoteados em uma ação da Polícia Militar de São Paulo, em 2019.
Ainda não foi decidido se os PMs acusados serão julgados. Em frente ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo, familiares das vítimas se reuniram com faixas com pedidos de Justiça e fotos dos nove mortos. Um deles é Denys Henrique Quirino, filho de Dona Maria Cristina.
"É uma tortura horrível que a gente vive, tudo isso que eles fizeram comigo, com a minha família", diz a pesquisadora.
Os jovens, com idades entre 14 e 23, morreram na noite de 1⁰ de dezembro de 2019, durante uma ação policial em um baile funk, em Paraisópolis, na zona sul da capital paulista. Segundo o Ministério Público, os PMs entraram na favela e encurralaram as vítimas em um beco sem saída. Oito morreram asfixiadas e uma por traumatismo craniano. Os PMs alegaram que perseguiam uma moto com dois homens, que nunca foram identificados.
Os 13 policiais respondem por homicídio com dolo eventual, por assumirem o risco de matar, e lesão corporal. Um deles foi expulso. A maioria foi tirada das ruas e cumpre funções administrativas. No grupo está o sargento Gabriel Luís de Oliveira, que apareceu em um vídeo publicado por um youtuber norte-americano, esta semana, durante um patrulhamento. Falando em inglês, o PM diz que os policiais comemoram a morte de bandidos com cigarros e cervejas.
Esta foi a quarta audiência de instrução do processo. Vinte e duas testemunhas de defesa estão convocadas, a maioria policiais militares. Nas etapas anteriores, 34 testemunhas de acusação foram ouvidas. Outras audiências ainda devem ocorrer, e só depois, o juiz decide se arquiva o caso, se os envolvidos serão absolvidos ou vão a júri popular.
"É inadmissível aceitar uma barbaridade dessa, com naturalidade, dizer que eles estavam agindo no exercício da função em legítima defesa", lamenta Maria.