Barroso vota pela descriminalização do aborto até 12ª semana de gestação: "Questão de saúde pública"
Sessão foi retomada por decisão de Fachin para permitir manifestação do ministro antes da aposentadoria, mas foi interrompida após pedido de Gilmar Mendes

Victória Melo
Paola Cuenca
O ministro Luís Roberto Barroso votou pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, em julgamento retomado nesta sexta-feira (17) no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF). A sessão, porém, mal começou e já foi interrompida após pedido de destaque apresentado por Gilmar Mendes.
A medida leva o caso de volta ao plenário físico, onde os ministros precisarão votar novamente. Os votos já registrados por magistrados aposentados, como Rosa Weber e o próprio Barroso, que se aposenta neste sábado (18), continuam válidos e passam a integrar o histórico da ação.
No documento, Luís Roberto Barroso acompanha os fundamentos da ministra Rosa Weber e afirma que a questão do aborto "deve ser tratada como questão de saúde pública, não de direito penal".
Segundo ele, a criminalização não reduz o número de abortos e “penaliza sobretudo as mulheres pobres”, que não têm acesso a procedimentos seguros.
“Ninguém é a favor do aborto em si. O papel do Estado e da sociedade é o de evitar que ele aconteça, dando educação sexual, distribuindo contraceptivos e amparando a mulher que deseje ter o filho e esteja em circunstâncias adversas. Deixo isso bem claro para quem queira, em boa-fé, entender do que se trata verdadeiramente. A discussão real não está em ser contra ou a favor do aborto. É definir se a mulher que passa por esse infortúnio deve ser presa."
O ministro também destacou que as mulheres são “seres livres e iguais, com direito à autonomia e autodeterminação sobre suas escolhas existenciais”, e que direitos fundamentais não podem depender da vontade das maiorias políticas.