Após condenação, Zambelli diz que invadir sistema do CNJ 'seria burrice'
Condenada a 10 anos de prisão pela Primeira Turma do STF, deputada diz que Câmara irá pautar pedido de suspensão da ação penal contra ela

Hariane Bittencourt
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse, nesta quinta-feira (15), que "não iria brincar de fazer invasão ao CNJ" e que "brincar de mandar prender Alexandre de Moraes é ridículo e seria uma burrice".
A parlamentar se manifestou publicamente, em São Paulo, um dia depois de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir por condená-la a dez anos de prisão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Os cinco ministros da Primeira Turma seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes. Ainda cabe recurso da decisão.
Depois de protagonizar um momento de oração diante dos jornalistas que aguardavam o início da entrevista coletiva, a deputada federal afirmou que não colocaria o próprio mandato em risco. "A tese da da invasão ao CNJ [Conselho Nacional de Justiça] é fraca porque não tem prova. A gente vai continuar lutando, continuar acreditando", garantiu.
A parlamentar também disse esperar que a Câmara dos Deputados vote um pedido de suspensão da ação penal contra ela, na tentativa de tornar a condenação sem efeito. "Ainda há vários recursos que podem ser feitos. Um pedido de suspensão foi solicitado no dia 29 de abril, dentro da Câmara dos deputados. Está sendo analisado e eu já tive um sinal verde de que ele vai ser pautado".
Sem ajuda
No Congresso Nacional, no entanto, não há muita disposição política em ajudar Zambelli, nem mesmo partindo da oposição. O entendimento é que a imagem da deputada está desgastada e tem potencial de prejudicar lideranças bolsonaristas, incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2022, o episódio em que a deputada apontou uma arma de fogo para um homem, em São Paulo, repercutiu muito mal. Na ocasião, a parlamentar correu em direção ao homem, no meio da rua, com uma arma em punho. Integrantes do PL avaliam que o caso, às vésperas das eleições, contribuiu para a derrota de Bolsonaro nas urnas.
Condenação
A condenação da última quarta-feira (14) diz respeito ao caso em que o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi invadido para a inserção de documentos falsos, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra o ministro Alexandre de Moraes em 2023. O hacker Walter Delgatti Neto, que teria operacionalizado a invasão, também foi condenado, mas a uma pena de oito anos e três meses de prisão. Apesar do fim do julgamento estar marcado para esta sexta-feira (16), o colegiado foi unânime.