Planalto não vai embarcar em 'tom político' do ex-presidente da Caixa
Em carta de demissão, Pedro Guimarães disse ser alvo de "rancor em ano eleitoral"
O tom político adotado pelo ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães na sua carta de demissão não deverá ter ressonância nas declarações públicas dos integrantes do governo e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL). A ordem no Palácio do Planalto é para não embarcar no discurso de que as denúncias de assédio sexual seriam "perseguição politica", como insinuou Guimarães, e deixar o caso a cargo dos órgãos de investigação.
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"Não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral", disse Pedro Guimarães na carta em que também afirmou que pedia demissão para se "defender das perversidades" lançadas contra ele.
Num momento em que Bolsonaro busca fazer acenos ao eleitorado feminino, a orientação é para evitar polêmica, cobrar apuração e mostrar que o governo não concorda com as situações denunciadas. Os assessores palacianos foram enfáticos em afirmar que as acusações são "robustas". O próprio presidente evitou declarações públicas sobre o tema no calor das primeiras denúncias apresentadas.
Houve um entendimento rápido de que o caso tinha amplo poder destrutivo em ano eleitoral e precisa de resposta imediata. Em 24 horas após a publicação das denúncias, Guimarães foi demitido e a então secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, foi nomeada para presidir a Caixa.
A escolha de uma mulher foi vista como um posicionamento para o governo se afastar do episódio e o currículo de Daniella -- formada em Administração pela PUC do Rio de Janeiro, com MBA em Finanças pelo IBMEC/RJ, e a atuação por 20 anos no mercado financeiro -- endossou a decisão.
Além disso, Daniella já trabalhava no Ministério da Economia desde o início do governo, sendo considerada braço direito de Paulo Guedes, e já tinha a confiança de Bolsonaro. Foi dela, por exemplo, a ideia de criar o programa de incentivo ao empreendedorismo feminino, em março passado "Brasil pra Elas", que disponibiliza crédito dos bancos federais e educação empreendedora por meio de consultorias de capacitação e qualificação.