"Tive que mudar minha vida", diz primeira vítima de suspeito de matar Ana Lucia, em Guarulhos
Em entrevista exclusiva, homem conta que entrou em luta corporal após ser esfaqueado por João Canuto

Derick Toda
Kaê Carneiro
João Canuto Nunes, o suspeito de assassinar Ana Lúcia, de 42 anos, mãe de sete filhos e avó de cinco netos, em Guarulhos, na Grande São Paulo, no dia 29 de junho, fez outras vítimas. Uma delas, um homem que não será identificado, que carrega no rosto e nas mãos as cicatrizes de uma luta pela própria vida.
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Entenda a história
O SBT teve acesso ao processo judicial e entrevistou a vítima com exclusividade. Em 2014, João era padrasto de uma mulher de 29 anos, criada por ele desde os nove anos de idade. O amor que deveria ser paterno transformou-se em obsessão.
O criminoso não aceitava o relacionamento da enteada com outro homem. Segundo a denúncia do Ministério Público, João tentou matar a vítima por um “sentimento de posse”.
"Eu acho que ele tinha ciúme da minha esposa. Ele via ela não como filha, mas como outra coisa, que foi isso o provado", contou o sobrevivente.
No dia 12 de outubro de 2014, João chamou o casal para ir à igreja e os convidou para conversar em uma casa na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo. Quando as vítimas se sentaram no sofá, João foi até um dos quartos, pegou uma faca e tentou matar o homem, que lutou para sobreviver.
"Na época, ela era minha namorada. Ela entrou na frente, pegou a faca na mão. Peguei um vidro e fiz de escudo. Foi onde eu me salvei e sobrevivi. Mas, eu tive sorte. Ele estava com fúria de me matar. Esse cara é um perigo pra sociedade", disse.
Depois da tentativa de assassinato, João passou a ser foragido da Justiça. Mesmo assim, continuou ameaçando a vítima, que precisou mudar completamente de vida.
"Ele ficou um bom tempo me ameaçando. Eu tive segurança, tive que mudar meu estilo de vida. Eu tinha condição de fazer isso... Ele ficou enfuriado. Ele tentava me pegar e não conseguia. Tinha segurança na porta da empresa. Mudei de casa, apartamento. Minha vida mudou muito... até o dia em que ele foi preso eu ficava com medo. Ele podia aparecer a qualquer momento", relatou.
João foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado pela tentativa de homicídio. A sentença saiu no dia 29 de abril deste ano, dois meses antes da morte de Ana Lúcia em Guarulhos. Entre 2014 e a prisão, o criminoso já seria procurado pela Justiça por tirar a vida de outras duas pessoas e cometer um abuso sexual.
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"Eu sempre falava que ele ia cometer um crime contra outra família. Cometeu com a gente. Ia cometer contra outra família", lamentou o homem.
O motivo de ele revelar sua história, depois de onze anos, é para deixar um alerta.
"Quando a pessoa entrar no relacionamento, faça uma pesquisa simples no Google, coloca o nome dele lá pra ver se tem alguma coisa. Quando a gente conhece tem que ter cuidado nessa parte para não cair em uma emboscada", orientou.