SBT flagra ponto de tráfico ao lado de clube da PM em São Paulo
Investigação do Primeiro Impacto mostra atuação do crime organizado a metros de estruturas policiais e áreas públicas no distrito do Belém
Primeiro Impacto
Câmeras escondidas do programa Primeiro Impacto flagraram um ponto de venda de drogas em funcionamento ao lado da Associação Desportiva da Polícia Militar, na zona leste de São Paulo. Durante 20 dias, a equipe acompanhou o fluxo de usuários, olheiros e entregas realizadas por motocicletas. As imagens revelam a proximidade do tráfico com estruturas ligadas à PM e áreas públicas.
A investigação mostra que o crime opera na lateral da associação policial, em um cenário que evidencia a convivência do tráfico com espaços que simbolizam o poder do Estado. Segundo a reportagem do Primeiro Impacto, filas de usuários, atuação de olheiros, motos realizando entregas e a circulação de menores fazem parte da rotina do local.
Casos semelhantes já haviam sido denunciados pelo programa, como o de um traficante que vendia drogas diante das câmeras no bairro do Campo Belo, e o chamado "buraco do crime", um muro adaptado para a comercialização constante de entorpecentes.
O distrito do Belém, um dos mais antigos da cidade, abriga cerca de 55 mil moradores, segundo o IBGE. Nas ruas estreitas da região, o tráfico se instalou mesmo próximo a equipamentos públicos, como um hospital que atende dependentes químicos, o clube oficial da Polícia Militar e a Escola Superior de Sargentos.
Moradores relatam medo e pedem providências. A reportagem registrou diálogos entre usuários, acompanhou a movimentação de olheiros e observou que uma viatura pertencente à associação permaneceu parada durante as gravações, enquanto a atividade criminosa seguia normalmente.
Especialistas ouvidos afirmam que o tráfico se adapta à dinâmica urbana e se aproveita da infraestrutura disponível, inclusive em áreas próximas à polícia, em uma relação de constante tensão entre criminosos e forças de segurança.
A investigação também flagrou um menor realizando entregas: ele saía de uma viela com pacotes, repassava aos clientes sob a vigilância de olheiros e desaparecia quando viaturas se aproximavam. Mesmo com patrulhamento, a venda de drogas continuava visível.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo(SSP-SP), nos primeiros nove meses de 2025 foram apreendidas 168 toneladas de drogas no estado, volume considerado recorde. Ainda assim, a SSP admite que pontos como o flagrado pela reportagem seguem em atividade.
Em nota, a pasta informou que o policiamento será reorientado na região para coibir o tráfico e destacou que a seccional responsável já registrou mais de dois mil infratores presos. Enquanto isso, famílias seguem convivendo com a criminalidade a poucos metros de casa.









