Prisão de 'mulas do tráfico' cresce mais de 13.000% no Aeroporto de Guarulhos
Nesta quarta-feira (11), a Polícia Federal prendeu nove suspeitos de tráfico de drogas em uma casa na zona leste de São Paulo
Nos últimos três anos, o número de prisões de pessoas conhecidas como "mulas do tráfico" – indivíduos que ingerem cápsulas de cocaína para transportá-las em voos internacionais – aumentou mais de 13.000% no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Nesta quarta-feira (11), a Polícia Federal prendeu nove suspeitos de participarem desse esquema criminoso. Três deles foram detidos com 210 cápsulas da droga no estômago e estavam prestes a embarcar para a Europa.
A operação foi deflagrada após a polícia conseguir pistas sobre a atuação dessas "mulas". De acordo com a investigação, uma casa na zona leste da capital paulista era utilizada pela organização criminosa como ponto de apoio. No local, os traficantes preparavam as "mulas" para os voos, oferecendo toda a infraestrutura necessária.
Entre os detidos está um homem de nacionalidade nigeriana, apontado pela PF como o coordenador do esquema. Segundo o delegado responsável pelo caso, ele organizava a compra de passagens aéreas, contratava as "mulas" e providenciava o pagamento pelo transporte da droga. "Ele era responsável pela compra de bilhetes aéreos, por contratar e oferecer o montante para o transporte da droga, além de alimentar o pessoal no imóvel onde estavam e dar toda a infraestrutura, caso precisassem", explicou o delegado.
Apesar das prisões, um dos líderes do grupo, um brasileiro, conseguiu fugir antes da chegada dos policiais. As três "mulas" presas já haviam ingerido 240 cápsulas de cocaína e estavam prontas para embarcar. Elas foram levadas para um hospital, onde receberam atendimento médico.
A quantidade de prisões relacionadas ao transporte de drogas no Aeroporto de Guarulhos disparou nos últimos anos. Em 2021, apenas uma pessoa foi detida. No ano seguinte, o número subiu para sete. Já em 2023, houve um salto significativo, com 41 prisões. Porém, a verdadeira explosão ocorreu em 2024: até agosto, 132 pessoas foram presas, sendo 70 homens e 62 mulheres, um aumento de mais de 13 mil por cento em comparação com três anos atrás.
A Polícia Federal acredita que o número de pessoas que conseguiram embarcar com drogas seja ainda maior, já que muitas "mulas" presas na operação confessaram já ter realizado outras viagens anteriormente. Por essa razão, elas receberiam uma quantia maior de dinheiro para continuar no esquema criminoso. "Eles oferecem uma quantia na primeira viagem e, para estimular uma segunda viagem, geralmente aumentam o segundo montante consideravelmente", explicou o delegado.