Policial civil morre em operação contra fábricas clandestinas de gelo na zona oeste do Rio
Agente da CORE foi baleado na cabeça durante confronto com criminosos na Cidade de Deus; escolas suspenderam aulas e vias foram fechadas
Bruna Carvalho
Paula Simões
Majô Gondim
Um policial civil foi morto durante uma operação contra fábricas clandestinas de gelo na zona oeste do Rio de Janeiro. O confronto aconteceu nesta segunda-feira (19), quando criminosos reagiram à ação da polícia.
Bandidos incendiaram lixeiras e bloquearam ruas próximas à Cidade de Deus, tentando impedir o avanço da operação. Motoristas que passavam pela região fugiram de ré. Na Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade, o trânsito chegou a ser interrompido.
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Por medida de segurança, 23 escolas suspenderam as aulas e 19 linhas de ônibus foram desviadas na região. Mais cedo, houve intensa troca de tiros entre traficantes e policiais.
Agentes do Instituto Estadual do Ambiente, da Delegacia do Consumidor e da Delegacia do Meio Ambiente cumpriram mandados de busca em fábricas de gelo, incluindo uma localizada dentro da comunidade. Laudos identificaram contaminação por coliformes fecais no produto, que era vendido a bares e quiosques da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes.
"Nós vamos descobrir se existe alguma relação dos donos das fábricas com traficantes, com milicianos, e etc.", afirmou o delegado Wellington Vieira.
A polícia também investiga se a água e a energia utilizadas pelas empresas são regulares, além de apurar possíveis crimes ambientais e contra o consumidor.
Durante a operação, José Antônio Lourenço, de 38 anos, agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), tropa de elite da Polícia Civil, foi baleado na cabeça, e não resistiu aos ferimentos.
A busca pelos criminosos que atiraram no policial mobilizou equipes de delegacias especializadas. A Secretaria de Ordem Pública lamentou a morte de José Antônio Lourenço, que foi subsecretário de Operações da pasta entre 2022 e 2023. No fim de semana anterior à operação, vídeos gravados por criminosos na comunidade mostravam fuzis sendo exibidos durante um baile funk.