Policiais do "Tour da propina" são presos no Rio de Janeiro
A operação da Corregedoria e o Ministério Público prendeu ao menos de 20 policiais militares investigados por extorquir comerciantes
Uma operação da Corregedoria da Polícia Militar e do Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu ao menos 20 policiais militares investigados por se aproveitarem do cargo para extorquir comerciantes, em um esquema apelidado de "Tour da Propina".
As investigações revelaram uma rotina de extorsão, em que policiais visitavam estabelecimentos comerciais às sextas-feiras para recolher pagamentos. Em vez de patrulharem as ruas, eles paravam em pontos específicos - depósitos de gás, ferros-velhos e supermercados - e cobravam propina dos comerciantes.
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O Esquema
Imagens das câmeras corporais dos policiais registraram detalhes do esquema. Em uma das cenas, um policial entra em um depósito de gás, chama um funcionário e, após cobrir a câmera com a mão, supostamente recebe o pagamento. Em outro momento, o vídeo mostra um senhor entregando dinheiro a policiais que estavam em uma viatura. Em outro momento, em um supermercado, o gerente se aproxima, cumprimenta o policial e entrega o dinheiro discretamente.
A operação também revelou que os policiais envolvidos não se limitavam a dinheiro: frutas e cervejas também eram exigidas de alguns comerciantes.
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"Inaceitável", Afirma Porta-voz da PM
A denúncia inicial partiu de um comerciante, proprietário de um centro de reciclagem, que relatou as extorsões. Com o avanço das investigações, descobriu-se que outros 53 estabelecimentos eram alvo do esquema. Cláudia Moraes, porta-voz da PM-RJ, expressou indignação com o caso:
"Provavelmente, estamos falando de um montante muito alto, mas essa investigação ainda vai trazer mais detalhes sobre o valor total envolvido. Atividades como essa, de extorsão, que lembram práticas de milícia, são inaceitáveis".
Os agentes presos responderão por corrupção passiva, negativa de obediência e associação criminosa.
Operação e Prisões
A operação cumpriu ainda 58 mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e em pontos comerciais. As prisões aconteceram em diferentes regiões da Baixada Fluminense, com destaque para o batalhão de Mesquita, onde os policiais investigados estavam lotados na época dos crimes.