Polícia desmonta esquema de milícia no comércio popular de SP
Cinco policiais e outros suspeitos foram presos por extorsão, ameaça e agiotagem no Brás, bairro central da capital paulista

Fabíola Corrêa
Cinco policiais militares foram presos sob suspeita de integrar uma milícia que atuava no Brás, um dos principais centros de comércio popular de São Paulo. O grupo é investigado por crimes como extorsão, ameaça, agiotagem e lavagem de dinheiro.
O SBT teve acesso à denúncia do Ministério Público, que lista 16 indiciados. Além dos policiais, quatro outras pessoas já foram detidas, enquanto outros suspeitos seguem foragidos, entre eles a escrivã da Polícia Civil Viviane Trevisan. Em imagens obtidas pela investigação, ela aparece de blusa vermelha, intimidando comerciantes a pagarem propina.
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A organização criminosa contava ainda com a supervisão de uma mulher peruana, identificada como Miriam Esther Hernández Rodríguez, conhecida como "Patrona". Em uma ligação interceptada entre ela e o cabo da PM José Renato Silva de Oliveira, os dois discutem, em portunhol, a cobrança de taxas e a organização das barracas nas ruas do Brás, além da contratação de novos seguranças para a área.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, a milícia explorava a vulnerabilidade de comerciantes estrangeiros em situação irregular no país. Além da propina, o grupo cobrava uma "taxa de proteção" para permitir a permanência dos ambulantes na região.
A situação chegou ao ponto de vendedores estrangeiros contraírem dívidas com agiotas para pagar as taxas impostas pelo grupo. Quando o débito não era quitado, os próprios policiais da milícia eram acionados para fazer a cobrança.
Uma testemunha protegida relatou ao Gaeco que os comerciantes passaram a ser obrigados a pagar uma taxa fixa anual de R$ 3 mil, além de R$ 50 semanais, para garantir sua permanência no Brás.
Durante a operação, os agentes apreenderam R$ 145 mil na casa de um dos investigados. No total, oito empresas e 21 pessoas tiveram seus sigilos bancário e fiscal quebrados.