PM que matou jovem durante protesto no Rio vai responder por homicídio culposo
Câmera corporal do agente registrou o momento em que ele xinga e dispara contra a vítima, que tinha deficiência mental
Foi enterrado, neste sábado (10), no Rio de Janeiro, o corpo do jovem assassinado por um policial militar, durante um protesto de moradores, na Avenida Brasil, na região do Complexo da Maré. Jefferson de Araújo Costa, de 22 anos, foi atingido por um disparo de fuzil - registrado pela câmera corporal do agente.
Os poucos parentes e amigos que compareceram ao velório do rapaz carregavam cartazes pedindo justiça. Segundo a família, muitos deixaram de ir ao local, com medo de uma possível retaliação da polícia.
A irmã de Jefferson alega que um carro rondava o cemitério, desde cedo. "O carro passou ali duas vezes hoje. O carro estava nos seguindo ali na frente, na hora que nós fomos comprar flores".
A jovem estava com o irmão no momento em que ele foi baleado e tentou socorrê-lo. "Não sei se foi um policial ou um PM. Foram lá perguntar onde vai ser o enterro. Não sei para que eles querem saber onde é, entendeu? Acho que eles estão querendo vir, para poder ameaçar a família, sim. Nós estamos nos sentindo ameaçados", ela acrescenta. O enterro aconteceu no fim da tarde, no Cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio.
A Polícia Militar divulgou a imagem da câmera presa ao uniforme do policial. O cabo Eduardo Gomes dos Reis está com um fuzil nas mãos. Ele xinga o jovem, segundos antes de efetuar o disparo. Apesar da imagem clara, o policial alegou que o tiro foi acidental.
Jefferson tinha deficiência mental. Ele foi morto com um tiro à queima-roupa. O caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. O agente foi preso por homicídio culposo, quando não há intensão de matar.
"Ele já chegou querendo matar o meu irmão e conseguiu. Acabou com a vida do meu irmão em menos de dez segundos, e nós queremos justiça", conclui a irmã.