Padrasto confessa ter usado chumbinho em bolinho de mandioca que matou enteado
Ademilson Ferreira dos Santos disse que misturou raticida no creme de leite usado na receita
Camila Stucaluc
Italo Cosme
Ademilson Ferreira dos Santos confessou ter envenenado o bolinho de mandioca que provocou a morte do enteado Lucas da Silva Santos, de 19 anos. Em depoimento à polícia, o homem, que está preso, disse que pediu para a esposa comprar chumbinho em uma loja de Diadema, cidade próxima de São Bernardo do Campo (SP), onde a família mora, e que misturou o raticida na massa do bolinho.
“Pedi para minha esposa para comprar chumbinho. Era para misturar o chumbinho para matar ratos. Vem os bolinhos. 'Botei' um pouquinho de creme de leite, coloquei um pouquinho de chumbinho e coloquei na boca. Cortou minha boca. Dei um pouco para o Lucas, um pouco para o Tiago e um pouco para ela [esposa]“, disse Ademilson, em áudio obtido pelo SBT News.
Ao ser questionado por qual motivo teria misturado o chumbinho na massa do bolinho, Ademilson respondeu que queria tirar a própria vida, mas que “deu um pouquinho para cada um” e que “Lucas foi quem mais sofreu”. Na confissão, ele ainda pede a prisão da esposa por ter comprado o chumbinho e do vendedor de Diadema por ter comercializado o raticida — considerado ilegal no Brasil.
A confissão de Ademilson ocorreu após a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo confirmar a morte de Lucas, no domingo (20). O jovem ficou internado por cerca de 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Urgência, em estado grave. Segundo os médicos, o estado de saúde de Lucas evoluiu para morte encefálica.
Inicialmente, a investigação focou na tia de Lucas, mas se voltou rapidamente para o padrasto do jovem devido às incoerências nos depoimentos e o fato de ele ter manipulado os bolinhos. Liliane Doretto, delegada do 8º Distrito Policial, disse que Admilson teria desenvolvido uma relação obsessiva com o enteado e reagiu de forma extrema ao descobrir que Lucas planejava se mudar de cidade.
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Ademilson está preso temporariamente desde a última quarta-feira (16) e deve ser indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado. A polícia ainda investiga a possibilidade do padrasto ter cometido abusos sexuais contra Lucas – acusação feita por três testemunhas ouvidas pelos agentes. No depoimento, contudo, Ademilson negou os relatos, dizendo que é “um homem e não um estuprador”.