MP denuncia Oruam por manobra perigosa e corrupção ativa; artista reponde por sete crimes
Artista está preso preventivamente desde 22 de julho no Complexo de Bangu 3, no Rio
SBT News
O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, foi denunciado nesta sexta-feira (8) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por prática de manobra perigosa em via pública e corrupção ativa. Segundo a denúncia, o artista foi flagrado realizando uma manobra conhecida como “cavalo de pau” em via pública, quase colidindo com uma viatura da Polícia Militar.
De acordo com o MP, em 20 de fevereiro de 2025, na avenida do Pepê, na Barra da Tijuca, Oruam executou a manobra com a carteira de habilitação suspensa, enquanto exibia o ato para um grupo de fãs. Ainda segundo a promotoria, o rapper admitiu em vídeo divulgado nas redes sociais que ofereceu vantagem indevida a um policial militar, sugerindo a intenção de contratá-lo como segurança pessoal, caso não fosse punido.
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O artista responde por sete crimes, entre eles: desacato, resistência, ameaça, lesão corporal, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ele está preso preventivamente desde o dia 22 de julho na Penitenciária Dr. Serrano Neves, no Complexo de Gericinó (Bangu 3), onde também estão alguns dos principais líderes da facção Comando Vermelho.
Na última quarta-feira (6), a Justiça do Rio negou um pedido de habeas corpus feito pela defesa do cantor. + Justiça do Rio nega habeas corpus para Oruam
Outro processo por tentativa de homicídio
No dia 30 de julho, Oruam e o amigo Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira se tornaram réus por tentativa de homicídio qualificado. Segundo o MP, ainda no dia 20 de fevereiro, os dois, junto a outros ainda não identificados, atiraram pedras de até 4,85 kg contra policiais, a partir da varanda da casa, após um adolescente ser apreendido durante uma operação na residência do rapper.
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Uma das pedras atingiu o delegado Moysés Santana. O cantor afirmou posteriormente que não sabia do que se tratava a ação e pediu desculpa ao delegado.
Relação com o Comando Vermelho
Outras denúncias contra o rapper apontam vínculos com lideranças de facções criminosas e mediação de conversas entre o chefe do Comando Vermelho (CV), o Doca, e rivais do Terceiro Comando Puro (TCP), segundo a Polícia Civil. As informações são do relatório de inteligência da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e foram obtidas com exclusividade pelo repórter Bruno Assunção, do SBT Rio. + Oruam mediou chamadas de vídeo entre chefes de facções rivais: "agente articulador", diz polícia
Para a polícia, Oruam "exerce função de destaque, com acesso privilegiado e respeitabilidade dentro do universo criminoso, seja como financiador, intermediador, símbolo de status ou mesmo como agente operacional" do tráfico.
Dias antes da confusão ocorrida na frente da mansão do rapper, vazaram prints de chamadas de vídeo em que Oruam aparece ao lado de Doca, conversando com "Cocão" e "Coelhão", chefes do tráfico da comunidade da Serrinha, em Madureira,. A favela é comandada pelo TCP, facção rival do Comando Vermelho. Outras imagens de conversas com o traficante "Rabicó", chefe do Complexo do Salgueiro, também vieram à tona.

"Não sou bandido", diz rapper
Em entrevista exclusiva ao SBT, antes de se apresentar à polícia, Oruam negou qualquer envolvimento com o crime organizado e comentou a confusão ocorrida em frente à sua casa. Veja aqui.
"Não sou bandido, tudo o que eles querem é que eu fique aqui, mas eu não sou bandido, então vou me entregar", afirmou "Eu tava saindo de casa, do nada vi um carro saindo muito voado e saiu falando: 'Perdeu, perdeu', totalmente descaracterizado. Eu não entendia o que tava acontecendo", disse o rapper ao relembrar o momento.
Quem é Oruam?
Oruam tem 24 anos e é filho de Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho, condenado a 44 anos de prisão por homicídio, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O rapper, no entanto, nega qualquer ligação com o tráfico de drogas ou o crime organizado no Rio.
"Tudo o que eu conquistei foi com minha música", afirmou em vídeo publicado durante a madrugada.
Com estilo ostentador e sucesso nas plataformas, ele soma mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Nas redes sociais, mantém uma base de fãs engajada: sua conta principal no Instagram foi derrubada, mas o perfil reserva já acumula mais de 2,1 milhões de seguidores.
Conhecida como “Tropa do Oruam”, a base de fãs acompanha o artista até mesmo em confrontos com a Justiça. Em fevereiro, quando foi levado para a Cidade da Polícia, saiu sob gritos e aplausos dos admiradores.