Homem é preso suspeito de participação em ataques a ônibus em São Paulo
Mulher fica ferida em ação violenta que já soma quase quinhentos casos no estado em menos de um mês
Majô Gondim
Flavia Travassos
Um homem foi preso neste sábado (5) suspeito de participar dos ataques a ônibus em São Paulo. Uma pessoa ficou ferida. Já são quase quinhentos casos em menos de um mês. Em média, são vinte casos por dia. A pedra abriu um rombo no vidro do veículo.
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Entre os passageiros estavam Eugênia, de 43 anos, e o filho, de 17. Ela foi atingida na cabeça e precisou ser levada para o hospital.
“Eu só senti um impacto muito forte na minha cabeça e os vidros... eu não vi de onde que veio. Eu só vi as pessoas gritando: ‘foi uma pedra, foi uma pedra’, e aí eu comecei a sangrar, né? Eu falei: ‘pegou na minha cabeça’”, contou Eugênia.
Marlon, que estava do outro lado, se assustou com o barulho. Quando viu que a mãe estava machucada, não pensou duas vezes: correu atrás do homem que atirou a pedra.
“Eu saí correndo atrás do cara. A população conseguiu ajudar, pegou ele. Quando eu cheguei, eu peguei ele e pedi pra deitar no chão com as mãos pra trás. Consegui imobilizar ele”, relatou.
O homem, identificado como Fernando Rodrigues Schimidt da Silva, de 31 anos, foi preso. O motorista e o cobrador prestaram depoimento na delegacia.
Um outro motorista, que prefere não aparecer, contou que já foi vítima desse tipo de violência:
“Na primeira vez, um rapaz magro tacou a pedra e saiu andando pelo meio da rua. Aí tive que recolher o carro, ir pra garagem, né? No segundo ataque, ele atacou a pedra, acertou numa senhora, uma passageira. Tá difícil, mano, tá difícil.”
Nesta sexta-feira, em Cotia, na região metropolitana, a polícia apreendeu um adolescente suspeito de envolvimento nos ataques. O menor estava com uma espécie de barra improvisada com um cano de plástico. Segundo a polícia, o objeto era usado para arremessar pedras e bolinhas de gude nos coletivos.
“Ele alega que achou o artefato, mas é muito próximo de onde aconteceu o fato, e um motorista de outra empresa informa que viu ele com o artefato em mãos”, informou a polícia.
Desde que começou a onda de ataques, no último dia 12, 492 ônibus foram depredados no estado de São Paulo. Destes, 260 apenas na capital paulista, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte.
Além da capital, os atos de vandalismo aconteceram em outras dez cidades da região metropolitana e da Baixada Santista: Cotia, Itapecerica da Serra, Osasco, Carapicuíba, Taboão da Serra, Santo André, Santos, Mauá, São Bernardo do Campo e Cubatão.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que o setor de inteligência da Polícia Militar atua em parceria com a Divisão de Crimes Cibernéticos para identificar os autores. Enquanto não se descobre a real motivação do vandalismo, motoristas tentam se proteger como podem.
“A gente procura, antes de encostar no ponto, dar uma verificada, ver mais ou menos quem tá no ponto, principalmente na rodovia, na Presidente Dutra. Nos bairros, já fica mais difícil, né? Porque os pontos são muito perto um do outro. Quando você já vai chegando no ponto, já tem muita gente. Tem alguns pontos aí que, infelizmente, a gente nem para, né? Nem para por motivo de ataque, de pedra ou mesmo de roubo, de assaltos.”