Garota de programa e ameaça de facção: Polícia Civil prende quadrilha de extorsão virtual
Grupo atuava em todo o país; além do caso inicial, foram identificadas pelo menos outras três ocorrências no DF com mesmo modus operandi

Pedro Canguçu
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 15ª Delegacia de Polícia e com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), deflagrou nesta quarta-feira (20) a operação Falso Anúncio. O objetivo é desarticular uma associação criminosa suspeita de praticar extorsões por meios digitais, com vítimas no Distrito Federal e em outros estados.
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A ação cumpriu cinco mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Montes Claros (MG), expedidos pela Justiça Criminal do DF. A investigação teve início em fevereiro de 2025, quando um homem de 31 anos procurou a polícia após ser vítima da quadrilha.

Ele havia acessado um site de acompanhantes e marcado um programa em Taguatinga, no Distrito Federal, pelo valor de R$ 100. Após o pagamento via Pix, foi surpreendido com novas cobranças e ameaças. Os criminosos exigiram mais R$ 100 para liberar o quarto. A vítima desconfiou do esquema e informou que desistiria do encontro.
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Em seguida, os criminosos passaram a enviar mensagens de intimidação pelo WhatsApp. Um dos suspeitos se identificou como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e "cafetão" da suposta acompanhante. A vítima foi obrigada a pagar mais R$ 500, sob ameaça de morte.
Para aumentar o medo, os golpistas enviaram fotos de familiares e de um veículo da vítima, obtidas pelo perfil dela no Instagram. Mesmo após o pagamento, o grupo exigiu outros R$ 1.500, mas a vítima se recusou e procurou a delegacia.
Valores exigidos:
- R$ 100: programa inicialmente combinado;
- R$ 100: valor adicional para suposta "liberação do quarto";
- R$ 500: pago sob ameaça;
- R$ 1.500: exigido para "encerrar o caso";
- Total exigido: R$ 2.100;
- Total pago: R$ 600.
Estrutura criminosa
Segundo a PCDF, o grupo era estruturado e dividido em funções:
- Mulher, 23 anos: criava anúncios falsos e fazia contato com as vítimas;
- Homem, 27 anos: operava contas bancárias e recebia os valores;
- Homem, 21 anos: alterava os números de telefone usados nos anúncios;
- Dois jovens, 21 e 23 anos: atuavam como "laranjas", emprestando dados bancários.
Os criminosos usavam múltiplos chips, e-mails falsos e contas em nome de terceiros para ocultar a autoria. Em um dos casos, um número usado para ameaças havia sido cancelado e depois reativado em nome de uma empresa. As investigações revelaram que o grupo praticava os crimes de forma reiterada e em todo o país.
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Além do caso inicial, foram identificadas pelo menos outras três ocorrências no DF com o mesmo modus operandi. Os anúncios falsos estavam hospedados em diferentes sites de acompanhantes, mas sempre ligados aos mesmos e-mails e contas bancárias.