Farmácias adotam medidas para reduzir perdas diante do aumento de roubos de remédios em SP
Quadrilhas preferem medicamentos caros e voltados ao emagrecimento; criminosos revendem os produtos em redes sociais ou grupos de mensagens
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Flavia Travassos
Armas, dinheiro e diversas embalagens de remédios foram apreendidos pela polícia em uma operação que desmantelou uma quadrilha especializada em assaltos a farmácias, com foco em remédios para emagrecimento. Na noite desta terça-feira (25), duas farmácias na zona Oeste da capital paulista foram alvo do grupo.
Os medicamentos roubados eram, em sua maioria, usados para emagrecer, produtos caros e que vêm despertando o interesse de criminosos. O valor da mercadoria furtada pode chegar a R$ 50 mil.
Durante a ação, a Polícia Militar conseguiu prender três integrantes – uma mulher e dois homens –, que estavam prestes a invadir uma terceira drogaria na mesma região. O 1º tenente PM Godoy, do 4º Batalhão, explicou que a quadrilha já era conhecida pelas autoridades. “É uma quadrilha especializada em roubos a farmácias. Já realizaram vários outros assaltos”, afirmou.
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No mesmo dia, em outra operação, dois criminosos envolvidos no roubo de Ozempic, medicamento utilizado no tratamento da diabetes e também popular entre quem busca emagrecimento, foram presos na zona Norte da cidade. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que um dos suspeitos rende um funcionário da farmácia e o obriga a levá-lo até o local onde o medicamento é armazenado. A dupla fugiu levando uma mochila cheia de caixas do remédio.
Redução de danos
Diante da frequência desses crimes, farmácias passaram a adotar medidas para minimizar os prejuízos. Na zona leste da capital, uma rede de drogarias reduziu o estoque desses medicamentos para evitar grandes perdas.
“Os produtos ficam armazenados no nosso centro de distribuição, e as lojas recebem reposição diária apenas para o giro do dia. Assim, o estoque nas lojas é bem reduzido”, explicou Wilson Viegas, supervisor farmacêutico da rede.
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Os criminosos costumam revender os medicamentos roubados em redes sociais ou grupos de mensagens. O Ozempic, um dos alvos dos assaltantes, custa em média R$ 1.200 nas farmácias, mas no mercado clandestino é vendido por menos da metade desse valor.
O especialista em segurança, coronel Roberto Alves, alerta que o crime só ocorre porque há demanda. “O criminoso quer um produto fácil de vender, que não seja rastreável. Se não houvesse quem comprasse, não haveria o fornecedor”, explicou.
Além de alimentar o crime, quem compra esses medicamentos no mercado ilegal coloca a própria saúde em risco. “Esses remédios precisam ser armazenados na geladeira. Quem garante que foram mantidos na temperatura adequada? O consumidor pode estar adquirindo um produto que não terá efeito”, alertou o supervisor farmacêutico.
A polícia segue investigando o caso e busca identificar outros envolvidos nos roubos.