Exclusivo: SBT tem acesso ao "quartel general" de criminosos que executaram Ruy Ferraz Fontes
Imóvel em Praia Grande foi usado por 10 dias; perícia encontrou digitais e materiais genéticos no local

Fabio Diamante
Robinson Cerantula
Os repórteres Fabio Diamante e Robinson Cerantula entraram na casa usada para planejar a execução do ex-delegado-geral da Polícia civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes. No imóvel, localizado em uma rua tranquila de casas, em Praia Grande, no litoral paulista, os criminosos da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) se esconderam antes e depois do assassinato.
A casa, construída há pouco mais de um ano e com portão alto, fica a menos de dez quilômetros do local da emboscada. O imóvel, com piscina e churrasqueira, foi descoberto após a prisão de Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos. Segundo a investigação, ela foi até o endereço para buscar um dos fuzis usados na morte do ex-delegado.
Dahesly já havia sido presa em 2023 por tráfico de drogas, quando tentou entrar em um presídio em Osasco, na Grande São Paulo, com maconha. No celular dela, os investigadores encontraram a foto do fuzil que ela foi buscar na casa.
De acordo com a diretora do Departamento de Homicídios, Ivalda Aleixo, Dahesly chegou ao local na noite de terça-feira (16) e recebeu instruções por videochamada de um integrante do PCC para acessar a residência, que possui uma fechadura eletrônica com acesso por senha.
A perícia realizada no imóvel encontrou diversas impressões digitais em portas, janelas e até em um freezer localizado na área externa da casa. No local, também foram recolhidos copos, garrafas, talheres e restos de comida, que podem fornecer material genético dos criminosos.
Moradores da vizinhança relataram que homens e mulheres ficaram no imóvel por cerca de dez dias, se comportando como turistas em férias, com churrasco e consumo de drogas.

Foragidos
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, divulgou os nomes de três suspeitos que tiveram prisão decretada e estão foragidos: Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, integrante do PCC que pegou o fuzil com Dahesly, em Diadema, na Grande São Paulo, e Felipe Avelino da Silva e Flavio Henrique de Souza - identificados a partir de impressões digitais encontradas em um dos carros usados na emboscada.
“A gente não descarta as possibilidades, se a execução foi motivada pelo combate ao crime organizado durante toda a carreira do delegado, ou por conta de uma atuação mais recente como secretário municipal em Praia Grande. Mas que há participação do crime organizado, pra nós, não resta dúvida”, afirmou o secretário.
As investigações também apontam a possível participação de integrantes do chamado “Novo Cangaço”, criminosos especializados em ataques a bancos e carros-fortes em cidades pequenas. A polícia acredita que boa parte do planejamento da execução do ex-delegado ocorreu dentro da casa em Praia Grande.
Além das impressões digitais, os peritos recolheram amostras de DNA que podem ajudar a identificar outros envolvidos no crime.