Exclusivo: pacientes denunciam falsa biomédica que atendia em vários estados do Brasil

Maria Ana Barros de Assis era reconhecida como especialista em Biomedicina e tinha uma extensa lista de pacientes,em Porto Alegre. Além de realizar procedimentos estéticos, ela era instrutora de cursos profissionalizantes e palestrante em grandes eventos pelo Brasil. Porém, após terem sequelas, dezenas de ex-pacientes denunciaram a profissional.

De acordo com o inquérito policial, Maria Ana estudava com apostilas e vídeos de plataformas digitais. E, para comprovar a formação, que não existe, a falsa biomédica comprava diplomas no ramo da estética. Em um áudio exclusivo obtido pelo SBT, ela solicita, em tom de desespero, um novo certificado adulterado: "Eu vou ter que comprar um diploma na área da estética. Eu quero na Biomedicina. Eu recebi uma notificação essa semana, referente a eu estar atuando, alguém me denunciou".

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A falsa biomédica morava em Porto Alegre. Em setembro de 2024, se mudou para Belo Horizonte. Ela retirou do perfil de sua rede social a assinatura como doutora e as especializações em estética. Depois, Maria deletou a conta e transformou o visual, de loira passou a ser morena.

Segundo a delegada que investiga o caso, Luana Peres, o ex-companheiro de Maria Ana só tomou conhecimento durante o relacionamento que ela não tinha formação em Biomedicina. Um dos procedimentos mais realizados pela falsa doutora era o 'Endolift', usado para eliminar a papada e a gordura no abdômen.

Além do Rio Grande do Sul, Maria atendia em hospitais e clínicas renomadas de Belo Horizonte e São Paulo. As investigações apontam que na capital paulista ela atuava em duas instituições, uma delas é o Hospital Blanc, na Vila Olímpia. A outra é o Instituto Lari Venâncio.

O diretor técnico do hospital afirmou que a falsa biomédica esteve apenas uma vez nas dependências para participar de um evento em parceria da Clínica Prime e que não realizou nenhum procedimento. Nas redes sociais, postagens mostram ao contrário. Maria Ana aparece uniformizada e auxiliando outro médico cirurgião em um vídeo.

O médico, junto ao hospital, afirma que foi enganado pela falsa biomédica e encaminhou uma mensagem enviada por Maria dizendo que ela não poderia anexar o registro profissional já que o seu nome de certidão havia alterado.

Já a proprietária da clínica, em que ela teria realizado diversos procedimentos, preferiu não se pronunciar. Além disso, Maria Ana também atuou como mentora de cursos para futuras biomédicas, no qual cada aluna pagou entre R$ 8 mil e 18 mil.

Vítimas

Luana Barreto, uma das vítimas, relata que além de não obter o resultado desejado, ela sofreu paralisia facial durante meses. "Eu sinto algum nervo, algum músculo repuxar, eu me sinto muito lesada e enganada", diz a ex-paciente.

Uma empresária de Porto Alegre, que preferiu não se identificar, passou pelo procedimento 'Endolift' e teve que realizar várias sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos. "A técnica deu errado, eu fiquei paralisada do lado direito da boca até embaixo do queixo", conta.

O presidente do Conselho Federal de Biomedicina, Edgar Garcez Júnior, confirmou que Maria Ana não tem o registro profissional e falsificava os certificados. Ele alerta que a falsa biomédica poderia ter perfurado um intestino ou uma artéria importante. "É um crime contra a saúde pública", diz o especialista.

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Maria Ana está sendo investigada e deve responder por exercício ilegal da profissão. Ela não está colaborando com a investigação, segundo a delegada: "Ela está tentando ocultar da própria polícia as ilegalidades que fazia".