Estudante é vítima de golpe do amor em São Paulo e tem conta invadida por criminosos
Jovem foi atraído por aplicativo de relacionamento e mantido refém por mais de cinco horas na zona sul da capital
Juliana Tourinho
Tudo começou por um aplicativo de relacionamento. "Ele ficou bem interessado na minha vida, meio que se abrindo. Aí eu falei: vou pra conhecer, pra ver se é verdade isso que ele tá dizendo", contou o estudante Vitor dos Santos Rodrigues.
O encontro foi marcado para o mesmo dia. Mas, ao chegar ao local combinado, Vitor descobriu que a pessoa com quem conversava era, na verdade, um criminoso. A vítima foi agredida e teve a conta bancária invadida pelos assaltantes.
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"Quando eu estava lá esperando, vi uns cinco caras subindo. Começaram a pedir para passar tudo. Me levaram para dentro de um beco, deram dois chutes nas minhas pernas e joelho. Eles entraram na conta, viram que não tinha nada, mas conseguiram fazer um empréstimo de R$ 3 mil", relatou.
Com os juros, o valor do empréstimo feito pelos criminosos chegou a R$ 14 mil. A dívida foi parcelada em 60 vezes. O estudante registrou um boletim de ocorrência na delegacia, mas até o momento ninguém foi preso. Ele ficou mais de cinco horas sob o poder da quadrilha.
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Essa prática criminosa tem se tornado frequente em diversas regiões do país. Os golpistas se aproximam das vítimas por redes sociais ou aplicativos de relacionamento e marcam encontros. No endereço combinado, rendem as vítimas e as mantêm reféns.
A rua onde o crime aconteceu, na zona sul de São Paulo, tem sido usada frequentemente como ponto de encontro dos criminosos. De acordo com testemunhas, o golpista costuma marcar em frente a uma casa específica, embora não more lá.
O morador, que prefere não ser identificado, adotou medidas para tentar se proteger.
"Deram a minha casa como referência para eles se encontrarem. Chegam batendo nesses meninos. Até tiros dão aqui. Já deram duas, três vezes tiro. A gente se joga tudo no chão, porque a gente não sabe o que pode acontecer. Se a bala entrar dentro de casa, como é que faz?", desabafou.
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As câmeras de segurança registraram algumas dessas ações. Os criminosos chegam de moto, rendem as vítimas atraídas para os encontros e levam seus pertences.
Foi com essa mesma estratégia que um médico foi sequestrado na semana passada, em Osasco, na Grande São Paulo. Ele passou a noite em um cativeiro, enquanto a quadrilha fazia compras com seus cartões. A polícia prendeu dois homens e apreendeu três adolescentes.
Para evitar ser vítima desse tipo de crime, o delegado Fábio Nelson, da Delegacia de Sequestros de São Paulo, orienta redobrar os cuidados. "Antes de um encontro, façam uma videochamada para verificar se estão, de fato, falando com a pessoa do perfil. Outra orientação é se encontrar em locais públicos para mitigar a possibilidade de um sequestro, porque normalmente essas vítimas vão para a periferia."
Com o trauma, Vitor afirma que ficou mais cauteloso. "Fiquei mais resguardado. Então é sempre tomar cuidado com quem a gente conversa pelo celular, porque a gente não sabe quem está atrás da tela."
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