Esloveno morto em Santos era sérvio e procurado pela Interpol há dez anos
Dejan Novac, de 43 anos, é na verdade Darko Geisler Nedeljkovic, apontado como assassino de um importante mafioso da Sérvia em 2014
Fernando Degaspari
Paulo Guilherme
O caso do assassinato do esloveno Dejan Kovac, de 43 anos, executado à queima-roupa na frente da mulher e do filho de quatro anos ao chegar ao prédio em que morava, em Santos, na noite de sexta-feira (5) ganhou grande repercussão na imprensa da Sérvia. Tudo porque, na verdade Kovac, não é um cidadão da Eslovênia, mas sim o sérvio Darko Geisler Nedeljkovic, um homem envolvido na morte de membros de máfias na Sérvia, Bósnia e Montenegro, e procurado pela Interpol, a polícia internacional, desde 2014.
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Para descobrir que o esloveno Kovac era na verdade o sérvio Geiser a Polícia Civil entrou em contato com o consulado da Eslovênia e recebeu a informação de que o verdadeiro Dejan Kovac havia perdido o passaporte em 2017 e o documento já tinha sido cancelado. Começou então a busca pela real identidade da vítima. A polícia então entrou em contato com autoridades sérvia que, ao checar as imagens, concluiu que se tratava de Darko Gleiser. O nome dele constava na lista de procurados da Interpol.
Segundo o delegado Luís Ricardo Lara Dias Júnior, da 3° DP Santos, Geiser entrou no Brasil há nove anos, não trabalhava, não tinha conta em banco e sequer registrou o filho que teve com uma mulher brasileira.
Nesta quinta-feira (11), os portais de notícias da Sérvia Alo! Online e Blic Online destacam o assassinato de Geisler em Santos.
"Darko Geisler Nedeljkovic (43), de Pancevo (cidade onde nasceu), tenha usado uma identidade falsa no Brasil. Supostamente, ele era membro do clã criminoso Skaljar", escreve o Blic. Segundo a imprensa sérvia, Geisler matou Baranin Andrija Mrdak, guarda-costas de Armin Musa Osmanagić, líder de um clã rival, em frente ao portão de uma penitenciária de Montenegro no dia 25 de dezembro de 2014.
Na ocasião, Geisler ficou ferido no atentado feito com explosivos e fugiu. Segundo a imprensa sérvia, ele teria ido para a Bósnia e, em seguida, entrado no Brasil com passaporte falso. Geiser passou a ser procurado pela Interpol, mas nunca foi achado. Na Sérvia, por causa do seu longo desaparecimento chegou-se à conclusão que ele estava morto.
O Blic afirma que a morte de Geisler em Santos teria sido encomendada por Radoje Zvicer, líder da máfia Kavak, e considerado um dos maiores traficantes de drogas do mundo. "Darko estava escondido no Brasil há muito tempo, mas uma ação lhe subiu à cabeça e o líder do Kavak, Radoje Zvicer, enviou assassinos para liquidá-lo", escreveu o Blic.
Mas como o paradeiro de Geisler no Brasil foi descoberto depois de tanto ano se passando por um esloveno de poucas palavras, carpinteiro, casado com uma brasileira e pai de um menino? "Ele cometeu um único erro com a ajuda do qual foi localizado. A pessoa de Belgrado, para quem Darko supostamente trabalhava, retornou recentemente à sua cidade natal após uma ausência de vários anos. Darko a contatou e assim se descobriu onde ele estava", segundo uma fonte do Blic.
De acordo com o Alo!, "quando esse contato foi interceptado, Radoje Zvicer ficou com medo de que Darko fosse reativado e possivelmente o atacasse. Aliás, suspeita-se que Darko esteja por trás de inúmeras mortes de homens próximos a Zvicer".
Como foi o crime
A Polícia Civil prendeu no sábado (6) em Santos, um homem com passaporte croata, e investiga se ele tem ligação com a morte de Kovac/Geisler. Ele foi executado, na frente da esposa e do filho de 4 anos, na Baixada Santista. O atirador usava luvas e máscara. Câmeras de segurança registraram o crime. O casal chegava em casa em duas bicicletas.
A vítima estava com o filho de 4 anos na cadeirinha. Em apenas dez segundos, o atirador que se escondia atrás de um carro se aproxima, atira várias vezes na vítima e foge, enquanto a mulher da vítima socorre a criança, que chegou a cair durante o ataque. A mulher e a criança não se feriram. Nada foi roubado.