Casos de stalking triplicam em São Paulo em 2024, diz pesquisa
Foram 183 em 2022. Em 2023, o número avançou para quase 600. Este ano, em apenas quatro meses, foram 205 ocorrências
O número de casos registrados de stalking triplicou em São Paulo, segundo dados do Tribunal de Justiça do Estado. Foram 183 em 2022. Em 2023, o número avançou para quase 600. Este ano, em apenas quatro meses, foram 205 ocorrências.
Com mais de dez milhões de seguidores nas redes sociais, o dentista e influencer Paulo Bonavides conta que estava acostumado a ser visto, mas não imaginava que um dia isso se tornaria um problema.
“A pessoa tirava foto do apartamento dela para o meu apartamento, dando um zoom muito profundo e me pegando o dia inteiro. Ela ficava tirando foto e me mandando, eu comprava um tapete e ela dizia 'que tapete lindo', eu sentava no sofá e ela me filmava”, revela Paulo, em entrevista ao SBT Brasil.
O dentista conta que não denunciou o caso, mas decidiu mudar de apartamento e até hoje não sabe quem era "a" ou "o" stalker - palavra em inglês para um perseguidor ou perseguidora.
O stalking é quando a admiração por alguém excede todos os limites e se transforma em uma perseguição obsessiva, que pode ser por ligações, mensagens ou até pessoalmente. As redes sociais hoje facilitam o acesso a qualquer tipo de informação; e, desta forma, os stalkers podem acompanhar em tempo real a vida das vítimas e imaginar os próximos passos.
Stalkear se tornou crime no Brasil em 2021 com pena de seis meses a dois anos de prisão. As principais vítimas são as mulheres. “São ex-companheiros que entendem que aquela mulher é propriedade deles, não aceitam término do relacionamento e começam a perseguir essa mulher. Tem muitos casos que geram feminicídio”, afirma Elaine Keller, advogada especialista em direito digital.
Com o relato de artistas, o assunto ganhou destaque. O influenciador Whindersson Nunes disse que já foi perseguido quatro vezes. Em um dos casos, registrou um boletim de ocorrência.
Sophia Abrahão também recorreu à polícia quando fazia o papel de protagonista de uma novela. Na época, um homem passou a ligar milhares de vezes por dia para ela e descobriu onde a atriz morava. “Ele me mandava objetos esquisitos, uma vez ele me mandou um sapato, não mandou um par… Eram coisas meio enigmáticas...”, revela.
O caso mais grave foi revelado pela atriz Débora Falabella, que por dez anos foi perseguida por uma fã. A mulher mandava mensagens e chegou a descobrir o endereço da atriz. Com o diagnóstico de esquizofrenia, a agressora teve o mandado de prisão revogado e está internada em uma clínica psiquiátrica.
“Quem determina se é uma perseguição é a vítima. Se ela sentir que está sendo tolida da sua liberdade, se aquilo causa mal psicológico, ficar com medo, constrangida, ela já pode considerar que está sendo perseguida e aí ela deve denunciar”, complementa advogada.