Casos de stalking crescem mais de 360% no Brasil em um ano
Esse tipo de perseguição é considerado crime desde 2021 e o número de processos relacionados ao crime só cresce no país
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Flavia Travassos
Você pode até não saber, mas perseguir alguém é crime, chamado de stalking. E o número de processos por esse tipo de ocorrência explodiu na Justiça brasileira: mais de 360% em um ano. Em 2024, a Justiça recebeu 37.296 novas ações, contra 8.057 no ano anterior.
Perseguir alguém no mundo real ou virtual pode resultar em pena de seis meses a dois anos de prisão, podendo ser ampliada se a vítima for criança, adolescente, idoso ou mulher. Especialistas alertam que o stalking pode escalar para crimes mais graves.
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"Pode virar uma lesão corporal, uma ameaça séria e, em casos extremos, até um feminicídio. Por isso, é essencial que a vítima identifique os sinais e procure ajuda imediatamente", afirma Ricardo Maffeis, advogado especialista em direito digital e proteção de dados.
Além do boletim de ocorrência, vítimas podem entrar com ação civil por danos morais e solicitar uma medida protetiva contra o agressor.
Uma vítima ouvida pelo SBT, que terá sua identidade preservada, conseguiu a proteção e, agora, tenta recomeçar sua vida.
O que começou com mensagens insistentes se transformou em uma perseguição constante. "Ele não deixava eu viver minha vida, ele terminava e ficava mandando mensagem. Ele queria saber onde eu estava, com quem eu estava, o que eu estava fazendo", relata.
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O ex-namorado, com quem manteve um relacionamento por dois anos, passou a enviar inúmeras mensagens ofensivas. "Ele conseguiu me desestabilizar com as mensagens que ele me enviava. Como ele via que as mensagens não tinham efeito, começou a ir até o meu trabalho", conta.
Uma colega de trabalho testemunhou à polícia que o homem passou a frequentar o local com mais assiduidade, coincidentemente logo após a vítima conseguir um emprego como operadora de caixa. Segundo o relato, ele chegava a deixar outras pessoas passarem à sua frente para garantir que seria atendido pela ex-namorada.
A gota d’água para a vítima procurar a delegacia foi uma mensagem em que o acusado pergunta se ela aceitaria ter relações sexuais em troca de dinheiro.
"Essas mensagens, que ela sequer respondia, foram reunidas em um documento. Nele, fica claro que ele enviava insistentemente mensagens, muitas delas pejorativas", explica o advogado da vítima.
"Eu espero que o tempo cure tudo e que eu tenha um pouco mais de paz assim que ele pagar pelos erros dele", desabafa a vítima.