Caso Ana Beatriz: mãe permanece presa após confessar morte da filha recém-nascida em Alagoas
Exames psicológicos podem constatar se o crime aconteceu devido ao estado puerperal, período pós-parto caracterizado por alterações hormonais e emocionais
SBT News
Gabriella Rodrigues
A Justiça de Alagoas decidiu nesta quarta-feira (16), em audiência de custódia, manter a prisão de Eduarda Silva de Oliveira, de 22 anos, mãe da recém-nascida encontrada morta em Novo Lino. A mulher foi presa em flagrante na terça-feira (15) após confessar o crime e passou a noite na Central de Flagrantes, em Maceió. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia para esclarecer a causa da morte da bebê.
O Ministério Público do estado solicitou a conversão da prisão em flagrante para preventiva, pedido que foi aceito pela Justiça. A decisão foi tomada pelo juiz Antônio Iris da Costa Junior, que considerou a medida necessária para preservar a integridade física da acusada. O magistrado ainda concordou com um pedido da defesa para que Eduarda realizasse consultas psiquiátricas assim que ingressar no sistema prisional.
Em depoimento à polícia, a mãe, em estado de choque, confessou o crime e disse que sufocou a criança com o travesseiro após a bebê chorar de forma contínua durante a madrugada.
“Com o barulho do bar [próximo a casa da família] e a criança não parando de chorar, ela disse que não aguentava mais aquela situação, pegando o travesseiro e matando a criança asfixiada”, explicou o delegado do caso, Igor Diego.
De acordo com o delegado, os exames psicológicos podem constatar se o crime pode ter acontecido devido ao estado puerperal - período pós-parto caracterizado por alterações hormonais e emocionais na mulher. Ele ainda completa que se essa possibilidade for confirmada, o crime deixa de ser tipificado como homicídio e passa a ser infanticídio, quando a mãe mata seu filho recém-nascido por um estado emocional alterado.
A polícia apura também se houve participação de terceiros na ocultação do corpo, uma vez que cães farejadores não detectaram a presença da bebê durante as buscas. O pai da criança, que estava em São Paulo a trabalho e não chegou a conhecer a filha, retornou a Alagoas após ser informado sobre o desaparecimento.
O caso
O sumiço da bebê ganhou repercussão na última sexta-feira (11), após a mãe relatar que foi abordada em por três homens e uma mulher enquanto esperava, em um ponto de ônibus, o transporte escolar para o filho mais velho. Na primeira versão, ela afirmou que os suspeitos a ameaçaram com uma arma e levaram a bebê de 15 dias de vida.
Após três dias, ela declarou que deixou o portão aberto e duas pessoas teriam entrado. A história mobilizou uma grande operação envolvendo a Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos de segurança.
Os policiais chegaram a informar que a mulher deu cinco versões diferentes sobre o ocorrido antes de confessar, na terça-feira (15), que matou a menina para o advogado e indicou o local onde a bebê estava escondida. Ela foi presa de forma preventiva desde então.