Publicidade

Bancos digitais piratas usados para lavar dinheiro movimentaram R$ 7,5 bilhões; PCC era cliente

Facção usava esquema de "contas invisíveis" e maquininhas de cartão; fintechs vendiam serviços na internet e tinham conivência de bancos oficiais

Bancos digitais piratas usados para lavar dinheiro movimentaram R$ 7,5 bilhões; PCC era cliente
PF faz buscas em dois bancos digitais usados por criminosos para lavar dinheiro em SP | Divulgação/PF
Publicidade

Dois bancos digitais piratas que ofereciam serviços abertamente na internet e foram usados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavar dinheiro do crime organizado movimentaram mais de R$ 7,5 bilhões. O esquema foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (28), em Campinas (SP), e teria conivência de dois bancos oficiais.

+ PF fechou 53 delações desde 2017, incluindo a do ex-ajudante de Bolsonaro

Desde as 6h, cerca de 200 policiais federais cumprem 17 mandados judiciais de prisão e 60 de busca e apreensão, em 14 cidades de São Paulo e na capital mineira, Belo Horizonte, na Operação Concierge. As duas instituições financeiras oficiais e os dois bancos digitais clandestinos são alvos de buscas em Campinas.

Os dois bancos digitais — chamados popularmente de fintechs — operavam a partir de Campinas, no interior de São Paulo. Sem autorização do Banco Central (BC) para atuar no sistema financeiro, T10 e I9 Banco usavam contas em dois bancos oficiais para movimentar dinheiro e afastar a origem criminosa de recursos próprios e de clientes.

Operação Concierge mira bancos digitais piratas usados para lavar dinheiro | Divulgação/PF
Operação Concierge mira bancos digitais piratas usados para lavar dinheiro | Divulgação/PF

As duas fintechs clandestinas ofereciam serviços abertamente na internet, vendendo "contas garantidas" para movimentações financeiras sem rastreabilidade de autoridades. As chamadas contas invisíveis davam garantia aos "clientes" de blindagem "contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento", informou a PF.

+ PF prende terceiro suspeito de invadir sistema do governo e desviar R$ 15 milhões

As contas abertas nos bancos Bonsucesso (atualmente BS2) e Rendimento serviam para movimentar os valores dos "correntistas" das fintechs, que não eram identificados nas transações. Chamadas de "contas bolsões", elas eram operadas pelas fintechs e garantiam invisibilidade a quem mandava e quem recebia o dinheiro.

A PF descobriu que por essas contas, nos bancos oficiais, passaram R$ 7,5 bilhões no período investigado.

Dinheiro do crime

O PCC era um dos clientes que usava as duas fintechs para lavagem de dinheiro, segundo a PF. Empresas com dívidas e alvos de bloqueios judiciais também usavam o esquema.

"A investigação demonstrou que a organização criminosa, por meio de dois bancos digitais – denominados fintechs –, ofereciam abertamente, inclusive, em sites da rede mundial de computadores, contas clandestinas, que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, de forma oculta, as quais foram utilizadas por facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas, tributárias e toda sorte de fins ilícitos", detalhou a PF em nota sobre a operação Concierge.

O esquema oferecia ainda pagamentos digitais com máquinas de cartão de crédito para lavar dinheiro, segundo a PF. Empresas de fachada eram usadas. Na Operação Concierge, 194 delas são alvos de ordens de suspensão das atividades.

+ Investigações mostram que dinheiro obtido pelo PCC na cracolândia foi mandado para paraísos fiscais

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) colaborou com as investigações e denunciou os operadores piratas ao Ministério Público Federal (MPF).

Dois advogados, de Campinas e Sorocaba (SP), e quatro contadores, de Campinas, São Paulo e Osasco, também são alvos e tiveram seus registros profissionais suspensos. Foram bloqueados ainda R$ 850 milhões em contas dos envolvidos.

Ordens de prisão, buscas e apreensões e bloqueios foram determinados pela 9ª Vara Federal em Campinas. Foram dez mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão.

A PF cumpre as ordens em: Campinas, Americana, Valinhos, Paulínia, Jundiaí, Sorocaba, Votorantim, Embu Guaçu, Santana do Parnaíba, Osasco, São Caetano do Sul, São Paulo, Barueri, Ilha Bela e em Belo Horizonte (MG).

Os alvos são investigados por crimes de:

+ Gestão fraudulenta de instituição financeira;

+ Operação de instituição financeira não autorizada;

+ Evasão de divisas;

+ Ocultação de capitais (lavagem de dinheiro);

+ Crimes contra a ordem tributária;

+ Organização criminosa.

A PF informou que o nome da Operação Concierge, palavra em francês usada para profissional que atende necessidades específicas de clientes, "faz alusão à oferta de serviços clandestinos a quem os procurasse na cidade de Campinas para ocultação de capitais".

A reportagem procura contato com as defesas e representantes dos bancos e dos alvos. O espaço está aberto para manifestações.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Polícia Federal
febraban
Crime
cibercrime
facção criminosa
crime organizado
PCC

Últimas notícias

De novo? Missão Polaris Dawn foi adiada pela SpaceX. Entenda

De novo? Missão Polaris Dawn foi adiada pela SpaceX. Entenda

Missão tem o objetivo de levar tripulação civil a fazer uma caminhada espacial ao ponto mais distante da Terra; já há previsão para uma nova data; saiba quando
Passageiro em Guarulhos com suspeita de Mpox está com catapora; é possível diferenciar?

Passageiro em Guarulhos com suspeita de Mpox está com catapora; é possível diferenciar?

Ambas são doenças virais, com sintomas parecidos, mas diferenças sutis; exame PCR é indicado para todos os casos suspeitos
Cantor K-pop Taeil deixa o grupo NCT após acusação de 'crime sexual'

Cantor K-pop Taeil deixa o grupo NCT após acusação de 'crime sexual'

Informação foi divulgada pela gravadora do grupo, a SM Entertainment, no X; A empresa não especificou a natureza do crime
Corpo de adolescente que estava desaparecida em SP é encontrado enterrado em sítio

Corpo de adolescente que estava desaparecida em SP é encontrado enterrado em sítio

Denúncia anônima levou os policiais até a propriedade rural; empresário e caseiro foram presos
Fim de agosto tem alinhamento planetário; saiba como observar os 6 planetas

Fim de agosto tem alinhamento planetário; saiba como observar os 6 planetas

Fenômeno permite a observação de vários planetas a olho nu ao mesmo tempo
Conselho de Ética da Câmara aprova cassação de mandato do deputado Chiquinho Brazão

Conselho de Ética da Câmara aprova cassação de mandato do deputado Chiquinho Brazão

Parlamentar acusado de ser um dos mandantes do atentado que resultou na morte da vereadora Marielle Franco deve recorrer da decisão à CCJ
Relatora no Conselho de Ética da Câmara vota pela cassação de mandato do deputado Chiquinho Brazão

Relatora no Conselho de Ética da Câmara vota pela cassação de mandato do deputado Chiquinho Brazão

Parlamentar é acusado de ser um dos mandantes do atentado que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
Dono do Telegram é solto de custódia policial e levado à Justiça na França

Dono do Telegram é solto de custódia policial e levado à Justiça na França

Pavel Durov foi detido no último sábado (24) sob alegações de não agir contra o uso criminoso do aplicativo de mensagens
Eleições municipais 2024: Pimentel lidera com folga disputa em Curitiba e 4 candidatos empatam no 2º lugar

Eleições municipais 2024: Pimentel lidera com folga disputa em Curitiba e 4 candidatos empatam no 2º lugar

Pesquisa da Atlas avaliou imagem dos candidatos e percepção dos eleitores sobre principais nomes
Empresário que atacou ministro do STF é condenado por ameaça e incitação ao crime de agressão

Empresário que atacou ministro do STF é condenado por ameaça e incitação ao crime de agressão

Em gravação, Luiz Carlos Bassetto Júnior diz ter "vontade de meter a mão na orelha de um cara desse" em referência a Cristiano Zanin
Publicidade
Publicidade