Aumento no número de carros roubados recuperados preocupa autoridades no Rio; entenda
Suspeita é que traficantes de drogas estejam fomentando o roubo para depois vender veículos para seguradoras
Bruna Carvalho
O número de carros roubados recuperados tem crescido no Rio de Janeiro, mas o que deveria ser comemorado, pelo contrário, tem preocupado as autoridades. A suspeita é que traficantes de drogas estejam fomentando o roubo para depois vender os veículos às seguradoras.
Nos dois primeiros meses de 2025, entre roubos e furtos, foram registradas 8.180 ocorrências no estado do Rio de Janeiro, número 20% maior que no mesmo período do ano passado (6.794).
Neste ano, o índice de recuperação de veículos está além do normal e tem chamado a atenção das autoridades: uma média de 63 carros por dia (3.779), ou seja, 42% mais que no mesmo período de 2024.
Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, esses dados não se devem apenas à eficiência da polícia, mas revelam uma nova área de atuação dos traficantes: a cobrança de taxas para devolver veículos roubados.
+ Turista fica ferido após ser atingido por pedestal durante missa no Cristo Redentor
+ Motorista que atropelou e matou corredor em São Gonçalo é preso pela Polícia Civil do RJ
As cooperativas - formadas por milicianos - atuam no mercado como recuperadoras de carros roubados. Elas estariam negociando com os criminosos a devolução dos veículos.
"Os criminosos entenderam que isso era uma outra forma de negócio, uma outra forma de você obter receita", afirma Victor Santos, secretário da Segurança do Rio.
Em fevereiro desse ano, o Ministério Público denunciou criminosos que roubavam veículos e cobravam "resgate". Eles negociavam valores com seguradoras em troca da devolução dos carros, geralmente 10% do valor da tabela Fipe.
O esquema funcionaria assim: o tráfico empresta as armas para os roubos e fica com a maior parte do dinheiro. O que sobra é repartido entre os ladrões. A polícia agora investiga as empresas envolvidas nessas negociações.
"Isso fomentou demais esse mercado, principalmente esse índice criminal, que é o roubo de veículos. Obviamente nós entendemos que essa empresa, sabendo desse mercado, fomenta isso. Não é só a recuperação do veículo, não é só o pagamento de resgate. Existe um crime antecedente que é o roubo. Se você fomentar o roubo, você assume o risco desse roubo se transformar, por exemplo, num latrocínio", diz o secretário.