Polícia impede plano de ataque de adolescentes à escola no DF
Meninos do segundo ano do ensino médio fizeram vídeos produzindo armas caseiras e divulgaram discursos de ódio em blog

Gabriela Vieira
Dois adolescentes de 17 anos foram flagrados tentando planejar um ataque a uma escola no Distrito Federal. Os meninos, do segundo ano do ensino médio, gravaram vídeos fabricando armas e preparando o crime. Assim que o plano foi descoberto pela coordenação do colégio, a Polícia Civil deu início a uma investigação.
Em materiais obtidos pelo SBT, os meninos propagavam discurso de ódio contra mulheres, negros e gays, além de fazer apologia ao nazismo. Em um dos vídeos divulgados, os jovens queimam uma "bandeira" LGBTQIA+. Os adolescentes tinham um site próprio para compartilhar os planos em questão e usavam outras plataformas de redes sociais para aumentar o alcance.
Ataque
Em relação ao ataque, os dois planejavam o crime para setembro, segundo a polícia. Desde então, eles preparavam os equipamentos em casa. Um dos jovens, no entanto, deixou claro que não era possível fazer na data por ainda não ter tudo pronto, afirmando que ainda queria comprar uma arma de fogo de forma clandestina. “A gente quer comprar armas no mercado negro, mas não sabemos ainda como entrar nesse meio", disse.
Foi, então, que um dos adolescentes sugeriu que fosse durante o aniversário do outro. “Que tal fazermos no seu aniversário? O seu presente vai ser atirar em preto e matar gente”, escreveu. O dia que eles iriam concretizar o ataque ficou denominado como "dia zero".
Ao começarem a preparar os equipamentos, os adolescentes descrevem os planos de abrir fogo contra colegas na escola onde estudavam. “Só preciso de armamento, porque aí eu só vou matar ‘de boa’. Quem invade escola de faca é imbecil”, disseram.
Agressões
Em conteúdos acessados pelo SBT, os dois aparecem mandando recados para os colegas do colégio em que estudam. Durante um dos vídeos, eles comentam sobre um caso de bullying que teria sido cometido por outro jovem. Nesta situação, um dos meninos diz que "todo mundo que fazia bullying comigo era preto, os ladrões daqui tudo preto {...} eu sou racista, tem que botar tudo na câmara de gás".
Além do racismo nas postagens, os meninos mostravam símbolos nazistas e mencionavam Adolf Hitler.
Em um dos prints, um dos adolescentes diz ter jogado uma pedra na casa de uma menina que seria ex-namorada de um deles. Em outra ocasião, ele teria levado uma faca para a escola e teria ameaçado um dos colegas de classe.
No blog que os garotos mantinham, um usuário comentou na plataforma e recebeu uma resposta transfóbica. “Se eu te ver na rua, eu te espanco todo e piso no seu crânio com meu coturno e cuspo no seu crânio, seu traveco de merda”, ameaçou um deles.
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Desfecho
A Polícia Civil do Distrito Federal disse que a Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento cumpriu mandados de busca nas residências dos menores, onde foram apreendidos materiais relacionados ao extremismo violento.
Um dos adolescentes se encontra em tratamento psiquiátrico. O outro foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente para as "providências cabíveis".
"Os aparelhos apreendidos serão submetidos à perícia, e a investigação prossegue com o objetivo de identificar possíveis conexões com grupos e prevenir novos riscos", informou a polícia em nota.
A Secretaria Estadual de Educação disse que "adotou imediatamente todas as medidas cabíveis, encaminhando o caso à Polícia Civil, que já investiga os fatos".
"A SEEDF continua acompanhando o caso de perto e acionou a Diretoria de Apoio à Saúde dos Estudantes (Diase), que prestará assistência aos estudantes envolvidos e oferecerá suporte às escolas afetadas", informou, em nota.
O nome da escola e dos adolescentes envolvidos não será divulgado, em respeito e proteção dos menores de idade. A secretaria também disse que seu "compromisso é com a segurança, o bem-estar e o acompanhamento integral de todos os estudantes, adotando todas as providências necessárias para o esclarecimento e resolução da situação".
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