Bia Ferreira publica apoio a boxeadora argelina reprovada em teste de gênero
Em sua rede social, ela compartilhou o texto escrito por Amy Broadhurst, boxeadora irlandesa que defendeu a participação da argelina na competição
Bia Ferreira, semifinalista no boxe nas Olimpíadas de Paris, se manifestou a respeito do caso da argelina Imane Khelif, boxeadora reprovada em teste de gênero do IBA (Associação Internacional de Boxe), mas liberada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para lutar em Paris.
Em sua rede social, ela compartilhou o texto escrito por de Amy Broadhurst, boxeadora irlandesa que saiu em defesa da participação da argelina na competição.
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Na publicação compartilhada por Bia, Amy expressou indignação pelo fato de a IBA ter divulgado que a atleta não havia passado nos testes de gênero, sem tornar públicos os resultados. Ela destacou que toda a situação tem gerado desinformação durante as Olimpíadas. "Eu não concordo com Masculino Vs Feminino. Eu nunca concordarei porque é errado. Mas o abuso que essa pessoa recebeu nas últimas 24 horas sem nenhum fato real ou prova é tão errado!! Por favor, tenha em mente que se seu filho estivesse passando por algo assim, o que você faria?"
Nesta quarta-feira (31), Bia Ferreira garantiu sua vaga nas semifinais ao derrotar a holandesa Chelsey Heijnen, com decisão unânime dos jurados.
Neste sábado, Bia encara a irlandesa Kelllie Harrington, sua algoz em Tóquio 2020, na semifinal marcada para as 17h08 (horário de Brasília).
Entenda o caso
A lutadora argelina Imane Khelif venceu a disputa, nesta quinta-feira (1), contra a italiana Angela Carini na categoria de até 66 kg do boxe feminino nos Jogos Olímpicos de Paris. Após 46 segundos de luta, a italiana abandonou o confronto após tomar um soco "que a machucou muito", segundo ela disse depois. Há uma particularidade na luta que levantou polêmica entre as pessoas: como Imane não passou no teste de gênero do boxe, a disputa injusta.
Muitas pessoas entenderam que Imane é uma pessoa transexual e criticaram sua participação nos Jogos de Paris. Mas ela é uma pessoa intersexo. Trata-se de um termo bem menos conhecido, usado para designar pessoas que não se encaixam perfeitamente no sexo masculino ou no sexo feminino.
O que é uma pessoa intersexual?
O sexo é definido pelos cromossomos, pelos órgãos genitais, pelos órgãos reprodutivos internos e pelos hormônios. Mas, um a cada 10.000 bebês nascidos, segundo dados divulgados pela ONU, pode apresentar uma divergência entre esses fatores. É possível, por exemplo, que os órgãos sexuais externos sejam femininos, mas os internos, masculinos, ou vice-versa. Ou que os níveis de hormônios masculino (testosterona) e femininos (progesterona e estrogênio) estejam em desacordo com o sexo da pessoa.
A atleta argelina foi autorizada a competir pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) apesar de ter sido desclassificada de outras competições pela International Boxing Association (IBA), que mediu seus níveis de testosterona. O COI não mede os níveis de testosterona, que podem, justamente, ser um sinal de intersexualidade. A boxeadora taiwanesa Lin Yu-Ting, que também participa da Olimpíada de Paris, enquadra-se no mesmo caso.