Zelensky diz que está pronto para encontro bilateral com Putin
Reunião para negociar um acordo de paz deve acontecer em até duas semanas, segundo líderes europeus

Camila Stucaluc
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que está pronto para um encontro bilateral com o líder russo, Vladimir Putin, para negociar um acordo de paz. Falando da Casa Branca, na segunda-feira (18), Zelensky informou que a reunião será organizada pelo presidente Donald Trump.
A declaração foi dada após o presidente ucraniano participar de uma cúpula com líderes europeus e com Trump, em Washington. No encontro, o presidente norte-americano concordou em ajudar a Europa a fornecer garantias de segurança para a Ucrânia como parte de um acordo para acabar com a invasão russa.
Segundo o chanceler alemão Friedrich Merz, que estava presente na cúpula, Putin concordou em participar de um encontro bilateral com Zelensky. O mesmo foi dito pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que afirmou que Trump ligou para o líder russo para combinar os detalhes da futura reunião.
"Após nossa reunião, ocorreu um telefonema entre o presidente Putin e o presidente Trump, e foi decidido que, primeiro, será feito um esforço para estabelecer contato bilateral entre Zelensky e Putin em um local que será determinado nas próximas horas; e depois disso, ocorrerá uma reunião trilateral entre Putin, Trump e Zelensky", disse Macron.
O Kremlin ainda não confirmou oficialmente a reunião. Apesar disso, os líderes europeus esperam que o encontro entre Zelensky e Putin seja realizado em até duas semanas. “Esta reunião deve ser bem preparada. Faremos isso junto com o presidente Zelensky. Do meu ponto de vista, seria desejável — e mais que isso — que essa reunião finalmente levasse a um cessar-fogo na Ucrânia”, disse Merz.
Exigências russas
Na segunda-feira (18), Trump adiantou que, para conseguir um acordo com a Rússia, Zelensky deveria abandonar a ideia de recuperar a Crimeia, anexada por Moscou em 2014, bem como de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
As medidas fazem parte das exigências do governo russo para acabar com o conflito. No caso da Crimeia, Moscou alega que a anexação aconteceu por razões históricas e pela vontade da população local. Já em relação à Otan, o Kremlin classifica como ameaça a expansão da aliança militar pelo Leste Europeu, uma vez que quase todos os países fronteiriços já pertencem ao bloco.
Como um dos objetivos de guerra de Putin é conquistar Donbass, a previsão é que o líder russo estipule trocas territoriais como parte de um acordo de paz. Formada pelas regiões ucranianas de Luhansk e Donetsk, a bacia de Donbass, de aproximadamente 45 mil km², abriga grandes reservas de carvão e ferro, economicamente valiosas para Moscou.
Em declarações anteriores, Zelensky rejeitou entregar os territórios à Rússia. Para o líder ucraniano, tal ação impediria a Ucrânia de atuar em linhas defensivas e abriria caminho para Moscou realizar novas ofensivas no país.
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Trump, por sua vez, disse que a troca territorial talvez seja necessária para chegar a um acordo de paz. Merz discordou, dizendo que a exigência russa é “equivalente aos Estados Unidos terem que ceder a Flórida”. “Um Estado soberano não pode simplesmente decidir algo assim. É uma decisão que a Ucrânia deve tomar por conta própria durante as negociações", pontuou o chanceler alemão.