Yahya Sinwar, mentor dos ataques a Israel, é nomeado novo líder político do Hamas
Yahya Sinwar foi o mentor dos ataques em 7 de outubro de 2023 que deram início a uma guerra que já dura 10 meses
O grupo militante palestino Hamas anunciou, nesta terça-feira (6), que escolheu Yahya Sinwar, segundo na hierarquia do grupo, como seu novo líder político.
"O Movimento de Resistência Islâmica Hamas anuncia a escolha do líder Yahya Sinwar como chefe do gabinete político do movimento", disse o comunicado do grupo.
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Yahya Sinwar foi o mentor dos ataques do grupo em 7 de outubro de 2023 a Israel. Com mortes e sequestros especialmente de civis israelenses, as ações deram início a uma guerra que já dura 10 meses. Ele não fez nenhuma aparição pública desde então.
Sinwar irá substituir Ismail Haniyeh, assassinado em Teerã, capital do Irã, no dia 31 de julho. Segundo a Guarda Revolucionária Iraniana e o próprio grupo palestino, o líder foi morto “em um ataque aéreo sionista em sua residência”.
Quem é Yahya Sinwar?
Responsável por planejar o maior atentado contra o território de Israel, Yahya Sinwar, de 60 anos, era então o segundo na hierarquia do Hamas e comandante principal do grupo no território palestino na Faixa de Gaza, eleito por votações secretas.
Comandante do Hamas na Faixa de Gaza, Sinwar passou 23 anos em prisões israelenses, tendo sido condenado a quatro prisões perpétuas pela morte de dois soldados de Israel e quatro palestinos (estes considerados pelo Hamas como espiões israelenses).
Apesar dos crimes e de ser visto como um dos homens mais perigosos do Hamas, Sinwar foi solto em 2011 com outros 1.026 prisioneiros em troca do soldado israelense Gilad Shalit, sequestrado em 2006 pelo Hamas durante um confronto no Líbano. Pesou para o acordo o fato de Shalit ter nacionalidade francesa, fazendo com que a França e a União Europeia se envolvessem nas negociações.
Durante os 23 anos no cárcere, aprendeu hebraico e se dedicou a conhecer Israel. Na madrugada de 7 de outubro, ele foi um dos principais responsáveis por um ataque terrorista sem precedentes a Israel. O líder também é formado pela Universidade Islâmica de Gaza, onde obteve um diploma de bacharel em estudos árabes.
Desde que foi solto, o comandante já escreveu uma carta de próprio punho ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, definindo um cessar-fogo como "risco calculado" e criticou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, ao calcular um ataque aos israelenses. Segundo Yahya Sinwar, o Hamas e os palestinos deveriam "reacender a resistência na Cisjordânia".
Com papel determinante no Hamas, a residência e o gabinete de Sinwar foram alvos dos primeiros bombardeios promovidos por Israel em Gaza no contragolpe de outubro. No entanto, ele não estava em nenhum dos locais.
Há cerca de duas décadas, os líderes do Hamas passaram a se esconder em bunkers e dificilmente fazem aparições públicas. A prática passou a ser adotada no começo dos anos 2000, após Israel ter executado dois comandantes do grupo armado entre 2002 e 2004.