Ucranianos se acostumam a viver com alerta de ataques após 2 anos de guerra
Entre um bombardeio e outro, Odessa, uma das cidades mais visadas pelos russos, tenta seguir em frente

Sérgio Utsch
Após mais de dois anos de guerra contra a Rússia, os ucranianos aprenderam, aos poucos, a conviver com a rotina de alertas de ataques e tentam levar uma vida de aparente normalidade.
Entre um bombardeio e outro, Odessa, uma das cidades mais visadas pelos russos, tenta seguir em frente apesar dos muitos sinais do conflito, como as esculturas cobertas para protegê-las de ataques e os arames que cercam um dos principais pontos turísticos da cidade, porque fica ao lado do porto, um alvo constante nessa guerra.
Com o espaço aéreo fechado há mais de dois anos, dá para viajar pela área controlada pela Ucrânia de trem ou carro, mas passando por muitas barreiras de segurança montadas pelo Exército. Foi pela estrada que viajamos por quase oito horas entre Odessa e Kiev, onde a vida também segue.
Inclusive para alguns brasileiros que ainda estão em território ucraniano, como o médico Rony de Moura. "Eu vivo aqui, nesse apartamento. Temos um bunker bem ali. Quando tem sirene, a gente sempre é aconselhado a ir para os bunkers por motivo de seguridade", diz.
Além da preocupação, a guerra fez aumentar também o custo de vida. "Os preços praticamente dobraram alguns produtos, água, por exemplo. Energia também está bastante cara", conta o médico.
A procura pela normalidade se mistura com o alerta constante de ataques, como no dia em que gravamos essa reportagem. O incrível é que isso não tem mudado muito a rotina da cidade. Muitas pessoas continuam simplesmente andando pelas ruas, como se nada estivesse acontecendo. Mesmo quando há um alerta máximo em todo o país.
O aplicativo desenvolvido pelo governo ucraniano para emitir os avisos traz uma voz familiar. "Seu excesso de confiança é sua fraqueza", diz a mensagem gravada pelo ator Mark Hamill, do filme Guerra nas Estrelas, sobre uma ameaça que não é ficção.
Em um hotel, até camas foram colocadas na garagem adaptada pra ser um abrigo antiaéreo. Muitos hóspedes, no entanto, fazem como milhões de ucranianos que, apesar do perigo, seguem adiante, desafiando a sorte e o pânico que os russos querem impor.