Trump se envolveu em 'esforço criminoso' para derrubar eleição de 2020, conclui processo
Republicano poderia ter sido acusado e, até mesmo, condenado por três crimes caso não fosse eleito no pleito de 2024
Camila Stucaluc
O presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump se envolveu em um "esforço criminoso sem precedentes" para anular sua derrota nas eleições presidenciais de 2020. A afirmação consta no processo aberto pelo então promotor especial Jack Smith, que foi concluído e divulgado pelo Departamento de Justiça nesta terça-feira (14).
No relatório, Smith descreveu as ações de Trump para derrubar o resultado do pleito, incluindo esforços para pressionar autoridades estaduais e encorajar apoiadores a protestar contra a eleição de Joe Biden. Ele também citou as alegações falsas do político sobre fraude eleitoral, que culminaram na invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Segundo Smith, as evidências teriam sido suficientes para acusar e, até mesmo, condenar Trump por conspirar para obstruir a certificação eleitoral, fraudar os Estados Unidos de resultados eleitorais precisos e privar os eleitores americanos dos direitos de voto. A vitória do republicano no pleito de 2024, contudo, impediu que o caso fosse adiante.
Isso porque Trump tomará posse já na próxima segunda-feira (20). Isso significa que o político não poderá ser acusado enquanto estiver no cargo, conforme política do Departamento de Justiça, e terá imunidade garantida pela Suprema Corte.
"Embora não tenhamos sido capazes de levar os casos que acusamos a julgamento, acredito que o fato de nossa equipe ter defendido o estado de direito é importante. Acredito que o exemplo que nossa equipe deu para que outros lutem por justiça sem levar em conta os custos pessoais são importantes”, escreveu Smith.
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Ele ainda rebateu as alegações da defesa de Trump, dizendo que suas decisões como promotor não foram influenciadas pela gestão Biden. “Meu escritório tinha uma estrela do norte: seguir os fatos e a lei aonde quer que eles levassem. Nada mais e nada menos. A alegação do Sr. Trump de que minhas decisões como promotor foram influenciadas ou dirigidas pelo governo Biden ou outros atores políticos é, em uma palavra, risível."
A divulgação do relatório acontece poucos dias após Trump ser condenado no caso de suborno envolvendo a ex-atriz pornô Stormy Daniels. Ele recebeu uma “dispensa incondicional” da Corte de Nova York – isto é, uma sentença sem custódia, multa ou liberdade condicional, mas que o lista como um criminoso condenado.
Trump reage
Pelas redes sociais, Trump criticou a divulgação do relatório, chamando Smith de “enlouquecido”. “Jack é um promotor que não conseguiu que seu caso fosse julgado antes da eleição, que ganhei com uma vitória esmagadora. Os eleitores falaram!”, escreveu.